10 anos depois, caso vai a julgamento

Depois de mais de uma década, a Justiça começa a julgar um dos casos mais intrincados ocorridos na esfera policial em Mato Grosso: as mortes dos irmãos Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo, o Zezeca, ocorridas em 10 de agosto de 1999 e 28 de dezembro de 2000, respectivamente. No banco dos réus, o ex-cabo da Polícia Militar Hércules de Araújo Agostinho, apontado nos autos como sendo o pistoleiro contratado para executar os irmãos. O julgamento de Hércules, depois de sucessivos adiamentos, está marcado para hoje, com início previsto para as 8h, na sede do Tribunal do Júri Popular da Comarca de Rondonópolis.
A expectativa da família dos empresários é de que com a realização do julgamento, a justiça, enfim, comece a ser feita.
O neto de Zezeca, advogado e assistente de acusação no processo, Gustavo Medeiros de Araújo Neto, foi ouvido ontem pela reportagem. “Apesar de passados mais de dez anos das mortes dos nossos familiares, nunca perdemos a esperança de que a justiça pudesse ser cumprida. Estamos esperançosos de que o julgamento desse envolvido [Hércules] aconteça amanhã [hoje] e não haja mais nenhum adiamento”, disse o advogado.
Quanto aos demais implicados e que tiveram os processo desmembrados, Gustavo Neto repassa que eles recorreram à instâncias superiores da Justiça brasileira mas, até o momento, as decisões vêm mantendo a pronúncia dos mesmos. Todavia, um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda precisa ser julgado e este seria o último recurso de apelação dos acusados para não irem a julgamento.
Segundo Gustavo Neto, prevalecendo a manutenção das decisões das instâncias anteriores, os demais acusados de envolvimento nas mortes dos irmãos Araújo também deverão ir a julgamento popular. Nesse caso, após a decisão do STF e em sendo positiva para a manutenção da pronúncia contra os acusados, caberá ao juízo da 1ª Vara Criminal e presidente do Tribunal do Júri Popular de Rondonópolis definir uma data para os julgamentos.
Quanto ao julgamento do ex-cabo Hércules, caso aconteça realmente hoje, ele deverá se estender durante todo o dia, entrar pela madrugada com a decisão sendo preferida apenas nesta sexta-feira (8).
O CASO
As mortes dos irmãos Araújo, pelo que consta no processo, foram motivadas por desentendimentos envolvendo a venda de uma área de terra (Fazenda Três Irmãos), de propriedade de José Carlos Machado Araújo, negociada em 1988. De acordo com a família das vítimas, passados mais de 20 anos, a negociação [pagamento] da área, ainda não foi concretizada e o processo se arrasta na Justiça.
O inquérito que investigou o caso  indiciou pelo menos seis pessoas, incluindo o suposto mandante, o empresário rural Sérgio João Marchett, bem como a sua filha Mônica Marchett, mais  o pistoleiro acusado de executar o empresário Brandão Filho, Hércules de Araújo Agostinho, bem como o ex-PM Célio Alves de Souza, acusado de participação na morte de Zezeca.
Além dessas pessoas citadas, outras duas, sendo uma delas um advogado da cidade, foram indiciadas como co-réus no processo que acabou desmembrado.