No artigo publicado no dia 21 de outubro do ano passado, intitulado – Eleições modernas: as mentiras como engenharia social – falei sobre o tratamento dado pela imprensa aos grupos de extrema-direita e a contemporização com os ataques às instituições do nosso país, além de alertar para o perigo da condescendência com esses grupos dentro do próprio campo político.
No primeiro domingo após a posse, dia 08 de janeiro, o país assistiu atônito a uma das cenas mais nefastas da nossa história. Terroristas trajados com uniformes da seleção e com bandeiras do Brasil, tomaram em assalto as sedes dos três poderes e vandalizaram tudo que havia pela frente. Essa ação só foi possível graças a omissão dos responsáveis pelo aparato de segurança do poder público, isso porque na semana do natal, foram encontrados explosivos em um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília. O detalhe é que esses explosivos não foram encontrados pelos órgãos de segurança, foram encontrados pelo próprio motorista do caminhão ao ver algo estranho nos eixos.
É surreal como as coisas só são levadas a sério no país depois que acontecem. Ante o perigo de ver um explosivo jogar um aeroporto pelos ares, juntamente com centenas de pessoas, todas as medidas de segurança só ocorreram após a invasão das sedes dos três poderes e a destruição do patrimônio público. E é incrível como os apreciadores de vidraças de banco sempre desaparecem nesses momentos. É o mesmo efeito que ocorre com os agentes do “mercado”. Ao sugerir políticas para acabar com a fome no país, muita choradeira e a bolsa despenca. Na segunda após os atentados: bolsa em alta, dólar em queda e nenhum pânico nos investidores. Os investidores parecem se sentir mais confiança em um país prestes a explodir do que com trabalhadores bem alimentados.
Assim como o rápido reconhecimento do resultado eleitoral por líderes de outros países afastou o questionamento das urnas, o ataque terrorista do domingo fez com que, não só os líderes de outros países se solidarizassem com o governo Lula, mas que também os representantes dos três poderes se unissem em prol de enfrentar esse novo problema no Brasil, o terrorismo doméstico. Quem poderia imaginar que ao instalar o “zap” no celular dos seus avós, eles seriam presos por terrorismo, não é mesmo? Isso mostra que o fascismo, fascina e quem não se cuidar vira terrorista.
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o perigo da extrema-direita, ficou muito claro do que eles são capazes depois deste domingo, afinal, enquanto houver quem financie, vai haver quem cometa crimes. Não é qualquer pessoa que consegue viver por mais de dois meses em barracas, acampados na frente aos quartéis, sem que uma estrutura logística provisione todas as suas necessidades. Tem trabalhador assalariado que não consegue comprar carne para seu consumo, mas teve terrorista preso, há meses desempregado e que estava participando porque recebia financiamento.
O papel da PF vai ser identificar os financiadores e dar a eles a punição na forma da lei. Não é mais concebível abrir mão da democracia pra conciliar interesses com a turma que é inconciliável. Não existe diálogo com quem quer te explodir no aeroporto, ou quer morto quem pensa diferente. Eu jurei pra mim mesmo que após essas eleições iria me alienar ao máximo, mas a política no Brasil não dá descanso.
Democracia sempre! Deus me livre do cidadão de bem!
PS: Eu havia enviado um artigo anterior, mas um passarinho me disse que é melhor aguardar a lista com o nome dos financiadores dos terroristas, para não correr o risco de “acampar” embaixo da ponte. Estou em busca de quem financie os honorários de um bom advogado. Quem sabe no próximo artigo.
(*) Kleison Teixeira é cientista político em Rondonópolis. E-mail: [email protected]
