Uma das funções mais importantes da liderança e que melhores resultados trazem é, de modo sistêmico, entender e principalmente cuidar das pessoas que compõem suas equipes. E desse modo, contribuir decisivamente para que cada pessoa-profissional entregue o melhor das suas potencialidades.
As principais demandas sobre os líderes tem sido no campo da empatia, da capacidade de descobrir e articular propósitos individuais e coletivos, alinhando-os às necessidades das organizações onde atuam. E vai além.
Mais do que apenas a sua equipe, o líder precisa ainda cuidar direta ou indiretamente das pessoas que compõem o conjunto de seus stakeholders.
Um dos grandes desafios dos gestores em relação à liderança é lidar com temas ou necessidades dos liderados com os quais muitas vezes não estão preparados ou que requerem adaptação profunda ou mesmo rupturas em relação às crenças e a própria filosofia.
A título de exemplo, além do problema da escassez de talentos em si, do desafio do lifelong learning, dentre outros, temos ainda o quiet quitting, um movimento em que profissionais realizam estritamente o necessário em suas funções, ou especificamente aquilo e tão somente pelo qual foram contratados e esteja exposto na descrição de seus cargos e funções.
Como uma espécie de operação padrão cada vez mais comum, são profissionais satisfeitos com suas funções e com a remuneração que recebem, sem desejo real de crescimento e talvez por isso não sintam necessidade de mais dedicação e entrega adicional de valor para a organização.
A segurança psicológica, por sua vez, parece ser um parâmetro indelével, como resposta necessária e cada vez mais urgente às demandas crescentes na preocupação com a saúde mental dos colaboradores, assim como com a comunicação não violenta. Outro tema em evidência.
Por isso, é um todo que deve ser desenvolvido e obviamente conduzido pelo líder. Mas, ainda deve dar atenção ao mercado, às operações, estratégias, aos concorrentes e às demais atividades atinentes à sua função de gestor ou empreendedor.
Ocorre que se de um lado existem essas demandas em relação aos seus liderados, de outro existe o líder como indivíduo que também carrega suas expectativas, fraquezas, decepções, angústias, seus acertos e erros, sua insegurança e visão.
Nesse sentido, o líder precisa entender que deve cuidar de si antes de tudo. A ansiedade, fruto dessa pressão contínua e recorrente tem se mostrado como um dos principais males que afetam a liderança, principalmente nos momentos em que a fragilidade e a vulnerabilidade dos negócios têm se evidenciado.
Simpatizo com a ideia aparentemente egoísta, mas na prática muito lógica, de que se deve em primeiro lugar cuidar de si mesmo, pensar em si, não para preterir suas responsabilidades, mas exatamente ao contrário, garantir a sua efetiva capacidade física e mental e, por conseguinte, auxiliar com segurança a sua equipe a alcançar suas metas e objetivos.
Basta utilizarmos como exemplo as instruções de segurança de qualquer aeronave já na decolagem: sempre se coloca a máscara de oxigênio primeiro em nós e depois nos que eventualmente dependem de nosso auxílio.
Sem isso, teremos líderes em conflito pessoal, titubeantes nas decisões, irritados e inseguros, órfãos de consolo, de conversas energizantes e sem amparo moral justamente nos momentos em que precisam emprestar energia às suas equipes.
Reconhecer essa realidade é um grande começo, afinal, quem cuida do líder senão ele mesmo? Ter consciência dessa realidade, criando uma estrutura de apoio e suporte antes que a necessidade seja evidente é um grande divisor de águas para a sua própria felicidade.
Nenhum líder pode deixar-se inebriar pelo eventual status da liderança e deixar de lado a necessária manutenção de suas fortalezas e recomposição de seus gaps e pontos de vulnerabilidade.
Vamos em frente com firmeza.
Até a próxima.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É empreendedor, Diretor da GoJob Brasil, business advisor, mentor, Talent Hunter, articulista e palestrante – [email protected] – www.linkedin.com/in/elerihamer – Originalmente publicado no Jornal A Tribuna – www.atribunamt.com.br
