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Rondonópolis
, 15 junho 2024
 
 

Louco “de pedra” e louco “pelo poder”: qual a diferença?

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Em sua obra “O Alienista”, Machado de Assis conta a história do Dr. Simão Bacamarte que, em uma cidade do interior do Rio de Janeiro (Itaguai), constrói um enorme manicômio, a chamada Casa Verde e, a partir de determinadas teorias sobre a loucura, passa a internar pessoas. De repente, 75% da população estava internada. Bastava uma pessoa apresentar qualquer tipo de pensamento, atitude e/ou comportamento considerado “estranho” era suficiente para ser considerado louco e ser internado. Depois de enfrentar problemas e rebeliões o Dr. Simão solta os internos, mas volta a internar outras pessoas segundo novos critérios até que chega à seguinte conclusão: ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio. Então, ele era o único anormal, por isso, decide soltar todo mundo e trancar-se sozinho na Casa Verde para o resto de sua vida.

Tomando como referência esse conto atemporal de Machado de Assis será que, em pleno século XXI, sobraria ao menos um para ficar na Casa Verde no Brasil?

Eis aí uma boa pergunta para reflexão!

Mas, falando em louco e loucura, sei que tem alguém comumente chamado de louco que foi eleito para assumir o cargo mais importante de nosso país, mas eu não acho que seja. Para mim, tal pessoa, às vezes (muitas), age como louca para chamar a atenção ou desviar a atenção do que realmente importa. Nesse caso, não se trata de loucura, tal como descrito no Dicionário Online de Português: “um distúrbio mental grave (…) definido pela incapacidade mental de agir, de sentir ou de pensar como o suposto; insanidade mental”, mas de estratégia de alguém muito lúcido que tem um plano sinistro de governo: eliminar, sem dó nem piedade, os que considera inimigos e todo o seu legado, nem que para isso tenha que passar por louco perante a sociedade. Trata-se da “loucura” utilizada como instrumento de poder.

Bem se vê que “dar uma de louco” pode não só colocar uma pessoa no cargo mais alto do poder de um país, mas, pior, mantê-lo lá lutando a todo custo para eliminar seus opositores, considerados como “inimigos”. Um caminho profícuo para que tal eliminação possa se tornar uma realidade, na medida em que torna possível colocar toda a máquina estatal, as instituições e mesmo os meios de comunicação a serviço desse propósito! Isso também não é uma forma de loucura? “Louco pelo poder”?

Como aqueles que defendem um “líder” desse não percebem as manobras políticas que estão por traz de suas ações, aparentemente, insanas? Eu penso que dos 35 a 40% que considera esse espectro de gente um líder, 15 a 20% não tem a mínima noção do que acontece “nos bastidores do poder” e acredita, de fato, nas boas intenções do mesmo! Quanto ao restante tem plena consciência de que sua loucura é só aparente, ou seja, de que não passa de uma manobra política e, por interesse próprio ou de classe, referenda tal estratégia.

Mas, enquanto o “louco” e seus “defensores/seguidores” vão colocando seus planos diabólicos em prática, a maioria da população vive como se estivesse em um barco à deriva. Toda e qualquer iniciativa no sentido de defender seus direitos são deturpadas e imediatamente abafadas por discursos e práticas tão obscuras e absurdas que só um “louco pelo poder” é capaz de levar a cabo.

Cercada por todos os lados, parece não haver saída para a maioria da população. Mas, ela existe!

É preciso considerar que tudo que tem a ver com o ser humano é dinâmico, complexo e está sempre em construção, ou seja, as necessidades, interesses e, consequentemente, conceitos, discursos e práticas, mudam de acordo com os movimentos históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais de contextos locais e internacionais, afinal, vivemos na época da globalização. Nenhum país, a não ser onde impere uma ditadura, e olhe lá, consegue se manter isolado dos demais, de forma independente, principalmente o Brasil, que ainda é um país em desenvolvimento.

A partir das considerações acima, resta destacar que contra a “loucura pelo poder” o caminho é a mobilização permanente de entidades, grupos organizados, associações, ONGs, sindicatos; é marcar presença nas redes sociais e em todo e qualquer evento público e privado; é defender os direitos fundamentais da classe trabalhadora pressionando parlamentares, denunciando abusos, desmascarando engodos e assim por diante.

Há de chegar um dia, e eu espero seja em breve, que a justiça será feita e o povo poderá, enfim, participar plenamente da democracia.

 

(*) Wilse Arena da Costa, Profa. Doutora em Educação. Palestrante, Escritora e Membro Fundadora da Academia Rondonopolitana de Letras/MT, Cadeira n° 10.

 

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