(*) Renan Caldas
O caminho nos remete sempre a algo passageiro, duvidoso e fugaz. Você está ali, passando pelas ruas da cidade, a pé, de ônibus, dentro do seu carro, não importa, o que importa é a onde você está indo, o que você está buscando, as suas expectativas criadas a partir do desejo de ser, de ver, de ter …
Quando você opta por um determinado caminho, você deixa de viver todas as tristezas e alegria que outro caminho possa te oferecer. Mas qual é a razão de pensar em algo que não se viveu? Não existe razão, existe motivo. Certamente o motivo é o seu agora, o seu trecho.
As pessoas estão a cada dia que se passa se arrependendo mais, com mais achismo no meio do campo. Passo por aqui? Toco por ali? Chuto? Espero? O que importa? Todos os caminhos nos lavam para o fim. Mas é que chegar tem gosto! Gosto de que? De nada. O sabor está nas dores e nas emoções que nos deixam pelo caminho ou que nos remete à chegada.
Mas o caminho é uma escolha minha, é algo meu, pertence a mim. Eu vou passar por ele despercebido, mesmo encontrando tudo e todos. – Tudo não, apenas o necessário que aquele caminho tem para você conseguir chegar. Sei lá, passei por tudo isso, para chegar nisso?
Não.
O caminho da gente é um fôlego em um círculo curto e passageiro que se chama vida. O caminho tem fim, aí você começa outra trilha, dessa vez mais alta e com muitas bagagens com novas alegrias e outras tristezas. Você se perde de novo, quer voltar! Calma, não se desespere! Voltar deve doer, ou não… porque a volta não será pelo mesmo caminho.
E é disso que eu queria falar, queria dizer que a cada passo, a cada acordar, a cada olhada no espelho pela manhã, estamos passando por um caminho, não somos mais os mesmos. Aprendemos aqui, erramos ali, e uma única pergunta lá nas entranhas do seu coração permanece, não se afeta: O que eu quero ser?
Mas aí vem a Gaga e joga na lata em um dia de domingo: ‘’Não é sobre ter e nem ser’’. Descordo, a gente quer, a gente é. É uma pena, o que você é não vale de nada quando começares a caminhar. É o caminho que te faz.
O tempo está certo, foi só você que errou, mas não se apegue aos erros eles são amargos e nos paralisa. Se apegue a você. Afinal, o frio é seu, a solidão é sua, o caminho é teu. – Eu quero começar, escolhi uma nova rota, o que devo levar? Vamos levar fé. A fé nos remete muito além de qualquer frustração, tenha fé no caminho e não tenha medo das tristezas. Caminhe, estude, trabalhe, faça sexo, beba, use drogas, disfrute-se. Mas não esqueça, certos ácidos adoçam e tem coisas que não se misturam. Caminhe, seja feliz. Na chegada vai ter alguém te esperando? Sim, seus pais. Vai ser lindo. E agora? Agora te resta outros caminhos, a escolha é sua o caminho é seu, repetidamente seu. Caminhos do coração, caminhos da gente, caminhos da vida.
(*) Renan Caldas é advogado em Rondonópolis