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Inglês pelo celular

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Jerry Mill de paleto - 10-04-13

Na década de 1920, quando Ernesto dos Santos (ou Donga) e o jornalista Mauro de Almeida compuseram o samba Pelo Telefone, uma nova veia se abriu na música popular brasileira (MPB): a crítica à invasão despudorada de palavras estrangeiras, notadamente em inglês, no dia a dia (bem como nos hábitos e no cotidiano) dos brasileiros e das brasileiras de então. E hoje, passado quase um século da efeméride, o percentual de adoção e uso de termos de origem anglo-saxônica, bem como (desculpe o erotismo) o poder de penetração do idioma bretão, são óbvios, claros e evidentes, ou seja, facilmente constatáveis, mesmo que você seja cego, mudo ou surdo. Se ainda estiver na dúvida, ouça o Samba do Approach, de Zeca Baleiro, then.
Esse fenômeno se explica parcialmente pelo número de invenções relevantes (e úteis) criadas no pretérito e as inovações do presente (ou que estão por vir) que, mesmo advindas de países tão díspares como a China e a Alemanha, são patenteadas e batizadas com nomes em inglês, para atribuir a elas um ar de originalidade e sofisticação que, ao que tudo indica, só a English language, no momento (e já faz algum tempo), é capaz de proporcionar. Já percebeu esse fenômeno?
Para que o nobre leitor entenda mais claramente o que eu quero dizer, basta lembrar que a primeira etapa da Revolução Industrial, entre 1760 e 1860, se deu na Inglaterra vitoriana, e estendeu seus portentosos tentáculos até os mais improváveis rincões do planeta, superando absurdamente tudo o que muitas outras civilizações e nações do passado e daquele momento histórico conseguiram consumar.
Segundo os registros históricos, somente no período correspondente à segunda fase da Industrial Revolution (1860-1900), surgiram inovações envolvendo o aço, a energia elétrica, os combustíveis e os produtos químicos que ainda hoje utilizamos. Não é por outro motivo, portanto, que dizemos volts, watts, decibéis e tantos outros termos técnicos de origem anglo-americana, ou seja, devido ao aguçado senso de oportunidade, organização e sagacidade que dois povos (ingleses e americanos, respectivamente colonizador e colonizado, nos diz a História) demonstraram ter no decorrer do tempo, bem como alguns alemães, franceses, russos e italianos, faça-se justiça.
Hoje em dia, quando vivemos a chamada terceira etapa da Revolução Industrial, fala-se muito em fax, computador, engenharia genética, celular, radar, laser, nylon (junção de New York com London!), videogame, home theater, CD, DVD, Blu-Ray, notebook, laptop, Internet, iPad, full screen, TV em HD, tablet e tantas outras coisas. Em cada um desses inventos, há o dedinho, o investimento e o talento de muitas e muitas pessoas, por certo. Entretanto, poucos foram os brasileiros que deixaram como legado algo criativo e útil ao mundo científico. O telefone, por exemplo, só foi possível e está disponível graças aos esforços, genialidade e esperteza de um certo Alexander Graham Bell (escocês de Edimburgo), bem como a Microsoft, o Youtube e o Facebook são uma prova de que, sem persistência e restabelecimento (ou mudança) da rota previamente estabelecida, as ‘revoluções criativas’ que hoje presenciamos (e usamos) poderiam não ter se concretizado.
E se os telefones dos nossos tataravós só faziam e recebiam ligações (e olha lá!) ou eram um luxo para poucos, na contemporaneidade eles caíram no gosto popular e estão espalhados por todos os cantos, fazendo coisas impensáveis há alguns anos, ou meses. Tudo isso por causa da engenhosidade individual e à capacidade coletiva do ser humano de inovar e se superar a cada dia, bem como da nanotecnologia, for sure. Daí eu acreditar ser concebível e salutar o uso do telefone celular dentro e fora da sala de aula para aprender ou praticar a língua inglesa de uma forma mais lúdica, produtiva e longeva, seja através de arquivos em áudio e vídeo, mensagens escritas ou faladas, jogos ou demais gadgets e aplicativos (como SMS, WhatsApp, SnapChat, Rounds, Messenger, ChatON, Dropbox, Hangouts e tantos outros que existem, quase todos com nomes in English).
E ainda existem aquelas pessoinhas que dizem que eu exagero ao argumentar que o inglês está em praticamente tudo aquilo que o brasileiro ouve, fala, lê, escreve, toca e tem, onde quer que ele vá. Quer saber? Talk about… stupidity!

(*) Jerry Miil é mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA), membro da ARL (Academia Rondonopolitana de Letras), voluntário e parceiro do Rotary Club de Rondonópolis

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