Após a chuva da noite passada, o sol está surgindo, ainda preguiçoso. O clima está agradável. Então, decido me sentar na calçada de casa e começo a observar minha rua. Percebo que ela é a mais interessante de todas, apesar de não ter a beleza das outras deste bairro, como os imensos tapetes que forram o chão, formados pelas flores que caíram dos ipês-amarelos.
Não é a poeira na rua, a falta de iluminação, o medo de ser assaltado, o rio que se forma na rua quando chove, não é nada disso que a torna intrigante. São os seus ilustres moradores.
Há um senhorzinho, muito simpático, que senta diariamente em um banquinho, sorrindo e de bem com a vida. E, junto dele, o seu amigo, que está sempre elogiando as pessoas que passam por ali…
Ah, e como me esquecer de outro morador, muito querido, que adora compartilhar informações da vida alheia! Há também a mulherzinha da casa verde e portão amarelo, mãe do menino chorão, e, ainda, o meu vizinho desinformado, pois todos os dias, na hora que ele sai, chega um amigo para fazer companhia à sua mulher, assim como tantos outros…
Nessa simples observação, passo a me lembrar de algumas histórias que presenciei por aqui. Uma vez apareceu uma capivara na rua e todos saíram de suas casas para vê-la. Mas quem se importa? Quando se fala que mora no interior de Mato Grosso, as pessoas pensam que você tem uma onça como gatinho de estimação e escova os dentes com os jacarés. Então, essa história não seria interessante.
Também uma vez uma mulher deu uma surra no marido, no meio da rua, com uma mangueira de jardim, e o porquê disso até hoje ninguém nunca soube.
Bom, apesar de às vezes me estressar com os vizinhos e com a rede de compartilhamento das informações pessoais, que traz mais notícias que o Jornal Nacional, gosto do lugar onde vivo e, principalmente, desses vizinhos peculiares. Eu não os trocaria por nada deste mundo! E você, caro leitor, trocaria os seus pelos meus?
(*) Crônica finalista da Olimpíada da Língua Portuguesa em 2014, escrita por Rita Gabrieli Garcia Oliveira, quando aluna do 9º ano da E.E. Prof.ª Eunice Souza dos Santos, sob a orientação da Prof.ª Cláudia Leal Ribeiro.
Parabéns a toda gestão da Escola Eunice ( diretor: Benedito Santana da Silva, coordenadores: João Gonçalves e Raimundo Soares) como também a todos os professores e funcionários. Em especial, à professora Claudia Leal que acompanhou com dedicação a aluna Rita Gabrieli até a final da Olimpíada. Parabéns a todos
Parabéns. Belíssima crônica, merecedora de muitos, mas muitos aplausos.