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Quando a sociedade perde o amor pelas crianças

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Dom Juventino Kestering - 02-07-12

Domingo após o Natal a Igreja celebra a Sagrada Família de Nazaré. Jesus nasceu simples e pobre na gruta em Belém, mas sentiu o amor e carinho da família de Nazaré: Jesus, Maria e José. São João Paulo II, na Carta às Famílias, chamou a família de “Santuário da vida” (CF, 11). Santuário quer dizer: lugar sagrado, espaço de respeito, de diálogo, de perdão, de crescimento humano, afetivo e espiritual. É neste espaço que a vida é gerada. Desde o berço as crianças aprendem o caminho do respeito, da fé, do amor a Deus e aos irmãos. “A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (GS, 47).
A Palavra de Deus (Mt, 2,13-23) adentra na realidade concreta das famílias. “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. José recebe de Deus a responsabilidade de pai e esposo, de cuidador e defensor da vida, de tomar o menino e sua mãe e fugir para salvar o menino. Assume esta realidade e migra para o Egito. José se apresenta como responsável por sua família e cuida dela, desempenhando o papel de protetor e cuidador. É exemplo para tantos pais que não se preocupam com seus filhos. Em juras de amor, geram um filho, mas não assumem a paternidade. Abandonam a esposa ou a companheira. Deixam a responsabilidade para a mãe.
A criança é linda, mas frágil e sem força. Não se defende sozinha. Para sobreviver, depende do cuidado e da ajuda dos pais. Milhares de crianças são vítimas da guerra, da fome, do descuido da família e da sociedade. As estimativas indicam milhões de crianças no mundo que não chegam a nascer, pois são abortadas e trucidadas no seio da mãe; outras, são jogadas em rios, no lixo; são maltratadas, vendidas ou abandonadas. Quando a sociedade perde o amor e a defesa das crianças é porque ela está doente, sem valores e sem referencial de dignidade humana.
O menino Jesus nascido numa gruta fria e longe da cidade recebeu carinho e ternura da mãe, de José e dos pastores. Os reis do Oriente vieram visita-lo. Mas o coração de Herodes fervia de ódio. Resolveu matar as crianças. O menino Jesus correu risco de vida com o drama do exílio e da migração que a Sagrada Família teve de experimentar para escapar da matança cruel que Herodes tinha ordenado com o objetivo de eliminar Jesus, que era considerado rival, apesar de pouca idade. “José, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito, pois Herodes quer matar o menino”. Mas, Deus o protege através de José e Maria.
Fico pensando na dor e lágrima das crianças que catam alimentos em lixo; da dor das crianças exploradas sexualmente; a dor das crianças que vêem o pai ou a mãe abandonarem o lar; a dor da criança migrante sem casa, sem residência fixa, que acompanha os pais de fazenda em fazenda a procura de sobrevivência; a dor da criança com câncer, com insuficiência renal, a criança presa em apartamento, as crianças sem espaço para educação infantil, a criança que passa diante de lojas, sorveterias, mercados e restaurante, mas carecem de recursos para uma alimentação. Criança. Simplesmente criança. E qual o coração humano que não se sensibiliza diante do sofrimento de uma criança!
Apesar dos desafios dos tempos atuais para educar os filhos, o ideal da família deve sempre ser mantido: O relacionamento dialogal entre pais e filhos e o clima de harmonia na família. O que a criança vivencia, experimenta, percebe dentro de seu lar são marcas para a vida em todas as suas etapas. É na família nascem os valores, a ética, a justiça, a honestidade, da fé e o amor aos irmãos.

(*) Dom Juventino Kestering é bispo em Rondonópolis

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