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Não mais escravos, mas irmãos!

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Dom Juventino Kestering - 02-07-12

A luta contra a escravidão no mundo é tema escolhido pelo papa Francisco para o 48º Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro de 2015 com lema “Não mais escravos, mas irmãos”.
A proposta é promover ações contra o tráfico de seres humanos. O papa Francisco classificou esta prática como uma “praga do século XXI, convocando especialistas, homens e mulheres de boa vontade para discutir a questão e elaborar ações de combate ao tráfico humano”.
A mensagem afirma que “a realidade da escravidão não é algo do passado, mas um flagelo social muito presente. A escravidão tem muitos rostos abomináveis: o tráfico de seres humanos, o tráfico de imigrantes e a prostituição, a escravidão no trabalho, a exploração do homem pelo homem. Os indivíduos e os grupos especulam sobre esta escravidão, beneficiando-se dos conflitos no mundo, do contexto de crise econômica e da corrupção”, afirma o Papa.
O papa enfoca a situação da escravidão à luz da Boa Nova de Jesus Cristo, “por meio de Quem Deus renova todas as coisa” (Ap 21, 5). E capaz de redimir também as relações entre os homens, incluindo a relação entre um escravo e o seu senhor, pondo em evidência aquilo que ambos têm em comum: a filiação adotiva e o vínculo de fraternidade em Cristo.
O próprio Jesus disse aos seus discípulos: “Já não vos chamo servos, visto que um servo não sabe o que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai” (Jo 15, 15).
Conforme texto publicado pela Santa Sé, “Desde tempos imemoriais, as diferentes sociedades humanas conhecem o fenômeno da sujeição do homem pelo homem. Houve períodos na história da humanidade em que a instituição da escravatura era geralmente admitida e regulamentada pelo direito. Este estabelecia quem nascia livre e quem, pelo contrário, nascia escravo, bem como as condições em que a pessoa, nascida livre, podia perder a sua liberdade ou recuperá-la. Por outras palavras, o próprio direito admitia que algumas pessoas podiam ou deviam ser consideradas propriedade de outra pessoa, a qual podia dispor livremente delas; o escravo podia ser vendido e comprado, cedido e adquirido como se fosse uma mercadoria qualquer”.
Após os horrores da Segunda Guerra Mundial cresceu na consciência da humanidade, a escravatura como delito de lesa humanidade e foi formalmente abolida no mundo. O direito de cada pessoa não ser mantida em estado de escravidão ou servidão foi reconhecido, no direito internacional, como norma inderrogável.
O Papa abre seu coração ao refletir: “Penso também nas condições de vida de muitos migrantes que, ao longo do seu trajeto dramático, padecem a fome, são privados da liberdade, despojados dos seus bens ou abusados física e sexualmente.
“Penso em tantos deles que, chegados ao destino depois de uma viagem duríssima e dominada pelo medo e a insegurança, ficam detidos em condições às vezes desumanas. Penso em tantos deles que diversas circunstâncias sociais, políticas e econômicas impelem a passar à clandestinidade, e naqueles que, para permanecer na legalidade, aceitam viver e trabalhar em condições indignas, especialmente quando as legislações nacionais criam ou permitem uma dependência estrutural do trabalhador migrante em relação ao dador de trabalho como, por exemplo, condicionando a legalidade da estadia ao contrato de trabalho…
“Sim! Penso no trabalho escravo. Penso, enfim, em todos aqueles que são raptados e mantidos em cativeiro por grupos terroristas, servindo os seus objetivos como combatentes ou, especialmente no que diz respeito às meninas e mulheres, como escravas sexuais. Muitos deles desaparecem, alguns são vendidos várias vezes, torturados, mutilados ou mortos”.
Diante da realidade da escravidão o papa propõe: “O socorro às vítimas, a sua reabilitação sob o perfil psicológico e formativo e a sua reintegração na sociedade de destino ou de origem”. Insiste que “este trabalho imenso, que requer coragem, paciência e perseverança, merece o aplauso da Igreja inteira e da sociedade”. Indica também um tríplice empenho a nível institucional: “prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra os responsáveis”.
Propõe que “a ação para vencer este fenômeno requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes atores que compõem a sociedade”.
Para isso é preciso “globalizar a fraternidade, não a escravidão nem a indiferença”. E conclui: “lanço um veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade e a quantos, mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de perto ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade, mas tenham a coragem de tocar a carne sofredora de Cristo, o Qual Se torna visível através dos rostos inumeráveis daqueles a quem Ele mesmo chama os ‘meus irmãos mais pequeninos’ (Mt 25, 40.45)”.
E continua: “Sabemos que Deus perguntará a cada um de nós: Que fizeste do teu irmão? Ser artífices de uma globalização da solidariedade e da fraternidade para devolver a esperança e levar os sofridos deste mundo terem novas perspectivas de vida e de futuro”.

(*) Síntese elaborada por dom Juventino Kestering, Bispo de Rondonópolis-Guiratinga

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