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, 19 maio 2024
 
 

Leve sua filha à feira

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Sandra Campos - 22-08-14

Feira é uma palavra que veio do latim feria, que significa dia santo, feriado. Os portugueses trouxeram esse costume para o Brasil e tem sido aprimorado desde a época colonial. Embora a feira assuma seu caráter comercial, há de se observar que ela é também um espaço de celebração da cultura popular, portanto, não perdeu seu caráter lúdico e sua possibilidade de integração social.
Em janeiro fui à feira livre, na cidade onde nasci, Feira de Santana, na Bahia. Costumava ir com duas amigas de infância pra fazer as compras semanais e, no final, beber água de coco. Uma rotina, como minha amiga dizia, terapêutica! Eu adoro ir à feira, pois gosto das cores, cheiros e frutos que estão espalhados nela. Alface, coentro, cebolinha, couve, hortelã e salsa. Manga, goiaba, banana, melão, melancia, maçã e jaca. Como diz a letra da música “Feira de Mangaió”, cantada por Clara Nunes: “fumo de rolo, arreio de cangalha, eu tenho pra vender, quem quer comprar? Bolo de milho, broa e cocada, pé de moleque, alecrim, canela, cabresto de cavalo e rabichola, farinha, rapadura e graviola eu tenho pra vender, quem quer comprar? Tem um sanfoneiro no canto da rua, fazendo floreio pra gente dançar.”
Na feira, além de mercadorias diversas e músicas, encontro todos os tipos de personalidades e de classes sociais. Ah! Como é bom o aprendizado que a feira pode oferecer! Em uma das minhas idas, conheci uma mãe que levava sua filha à feira, todos os domingos, desde que tinha 6 anos de idade. E eu fiquei ali parada, pregada, plantada na ponta da feira, como talvez dissesse Chico Buarque, admirada a observar o aprendizado daquela menina, que já estava com 10 anos completos. A menina se debruçou sobre o encerado branco e novo que cobria a bancada da barraca de carnes de seu Dunga. Ela conhecia todas as carnes, além de distinguir entre carne de vaca e carne de boi. Mas que menina esperta! Ela adorava ir à feira com sua mãe. Acredito que sua mãe lhe ensinava muita coisa: a escolher bem cada item das compras, a economizar, a esperar pelo atendimento, a ter iniciativa, a agradecer e ser gentil sempre, a pagar o preço justo, a não levar o refugo, e sim escolher o melhor; a se divertir e saborear as delícias da feira.
Depois que elas se foram fiquei a pensar em quanto aprendizado há em ir à feira livre. Você já levou sua filha à feira? Se não, ainda dá tempo! Quem sabe ela possa aprender lições de grande sabedoria? Aquela mãe estava ensinando sua filha a respeitar a diversidade, a ser criteriosa e também a escolher o melhor para sua vida, o que vai além de comprar carnes, frutas e verduras. Leve sua filha à feira!

(*) Sandra Campos é cronista e moradora em Rondonópolis

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  1. Crônica interessante. E só poderia ser de Feira de Santana com tantos detalhes que só um cronista é capaz de perceber. Diante desse mundo tecnológico as pessoas estão robotizadas sem perceber que podemos ser felizes com atitudes tão simples como apreciar um dia de compras na feira livre.

  2. Bem Sandrinha creio q. v. é séria candidata a uma vaga na ABL, mas não tenha pressa deixe para chegar lá mais tarde, afinal um conselho de anciões não tem muito espaço para uma jovem revelação como você…parabéns pela qualidade da verve…

  3. Semana passada fizemos esse programa, minha filha Marcella adora. Aqui em Rondonópolis gostamos de ir a feira para comer pamonha, pastel e comprar doces e bolos. É um ótimo passeio para Sexta-feira! Ainda curto esse lado bom, nunca tive nenhum problema com violência na feira, o que acontece é que dependendo do horário é difícil estacionar…mas não colocamos isso como um empecilho, faz parte!

  4. Tem sido uma satisfação encontrar os textos de Sandra Campos neste Jornal; crônicas leves, lavradas em uma linguagem que destila espontaneidade e lirismo. Com um olhar sutil e ao mesmo tempo agudo da vida e dos acontencimentos, ela nos leva a pensar na beleza e nas lições que não raro se encondem sob a pseudo-banalidade do cotidiano. Parabéns!

  5. É um aprendizado, sem duvidas, que começa do lado de fora, aprendendo a lidar com os flanelinhas, a segurar bem a bolsa pra não ser roubada, a esconder o celular e a se esquivar dos encoxadores e outras coisinhas mais. A cronista deve ter lembranças de feiras de outros tempos que, também me trazem recordações.

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