30.3 C
Rondonópolis
, 18 maio 2024
 
 

Conheci o Nordeste do Velho Chico, da Caatinga, do Carnaval, … e do Lula

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

saulo moraes- advogado - 10-05-12 (2)

Socializar o conhecimento é informar. Nesse carnaval de 2014 viajei de carro 7200 km durante sete dias, de Rondonópolis até Recife. Conheci um pouco do nordeste, principalmente os estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe. Passei pelo sertão e voltei pelo litoral. Vi muitos jegues pelas estradas, frutas de umbu, palmas forrageira plantadas nos quintais das casas, cactos na caatinga, murundus de terra, e muita alegria no rosto dos nordestinos. A fome só é vista nos esqueléticos dos animais em razão da seca do sertão que fazem doer os olhos e a alma doutros brasileiros. Demorei um dia e meio, para atravessar o estado da Bahia. Atravessei o Rio São Francisco quatro vezes, sendo três vezes em lugares diferentes. Conheci a primeira hidrelétrica brasileira, a Usina de Paulo Afonso, e conheci uma parte da “maior obra do estado de Alagoas”, o chamado Canal do Sertão, que pega água do velho Chico ali na barragem da usina, e a leva para irrigar o sertão de Alagoas e dos demais estados do nordeste. Segui pela BR-423 e passei por Caetés (cidade do Lula), Garanhuns; depois pela BR-232 passei por Caruaru, Bezerros, Gravatá e cheguei em Recife. Nos povoados observei pouca antena parabólica; telefone público e energia elétrica estavam presentes nesses lugares. Na ida não passei por Sergipe. Retornei de Recife, passando em Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Distrito Federal e finalmente em Mato Grosso.
Na viagem da ida tudo é novidade. Viajar de carro é prazeroso, mas é cansativo para uma única pessoa dirigir. O bom mesmo é conhecer a rota do destino, e assim apreciar as peculiaridades de cada região. Na ida para Recife, se observa que o estado de Goiás é portentoso na produção agrícola. Se vê também na Bahia as grandes lavouras de soja e milho. Depois de Brasília, seguindo pela BR-020, passa em Formosa, Alvorada do Norte até Posse. Depois entra no estado da Bahia e seguindo a esburacada BR-349 passa por Correntina até Santa Maria da Vitória. Depois pega a BR- 242 passa por Ibotirama, ali atravessa o velho Chico pela 1ª vez, depois segue até Itaberaba. Dali pega a BA-233, passa por Ipirá, Riachão do Jacuípe até Serrinha. Indo em direção a Ribeirão do Pombal pega a BR-110 e segue até Paulo Afonso. Atravessa pela 2ª vez o rio São Francisco, entrando assim no estado do Alagoas e seguindo pela BR-423 até Caruaru, depois pega a BR-232 em direção a Recife. Três informações importantes nessa viagem de ida: o estado da Bahia é extenso e tem muitas pousadas para se pernoitar; muitos caminhões bitrens na BR- 020 e muitas carretas baú nas BRs-242, 116, 110, 423 e 232 e; as rodovias federais do nordeste, quase todas são boas, e estão sendo recuperadas e duplicadas.
A volta dessa viagem foi ainda melhor. Saindo de Recife pela BR-101, depois de 50 km o condutor viaja tranquilo até Salvador, com mão dupla até a cidade de Estância. A duplicação dessa rodovia está sendo feita com cimento igual aquele implantado na Serra de São Vicente em Mato Grosso. No estado sergipano, pela BR-101, na cidade de Propriá, aparece pela 3ª vez o velho Chico com suas pequenas embarcações. Ainda na BR-101, passa por Japaratuba, Estância, Cristinápolis, Esplanada, Entre Rios, Alagoinhas até Conceição do Jacuípe. Comentam-se que até 2016 a BR-101 estará totalmente duplicada e pedagiada nesses estados. Falando em pedágio, na BR-324 próximo à Feira de Santana existe um desses postos ao preço de R$ 3,10 e com mão dupla. Depois de Feira de Santana entra na BR-116 que é mão única com pista nova que está sendo duplicada; seguidamente pega a BR-242, segue para Itaberaba, Seabra, Ibotirama, atravessa o velho Chico pela 4ª vez e segue para Barreiras. Depois pela BR-020 que corta as cidades de Luiz Eduardo Magalhães (filho do ACM), Posse, Formosa, Planaltina e chega-se em Brasília. Na Capital Federal pega a BR-060 até a BR-364 ainda em Goiás. Daí segue-se para Rondonópolis-MT.
Outras peculiaridades do nordeste são as festas de carnaval e de São João. Em Pernambuco o carnaval se destaca nas cidades de Olinda, Recife e Bezerros. Desde o Galo da Madrugada no Recife antigo, bonecos gigantes de Olinda até as danças dos mascarados, os chamados papangus da cidade de Bezerros. Quem for a Pernambuco deve conhecer essas atrações culturais. A maior festa para eles é a junina de Caruaru; tão boa essa festa que tem pessoas que compram a prazo geladeira de R$ 1.500,00 e na festa de São João vende ela pela metade do preço só para não perder esse importante evento cultural. Falando em geladeira, há poucos anos, o governo federal substituiu e distribuiu milhares de geladeiras no sertão de Pernambuco, Piauí e Paraíba. Na cidade de Gravatá-PE se compra todo tipo de artesanato; ainda nessa cidade um senhor idoso comentou que lá não tem pessoas passando fome, tem aquelas famílias com muitos filhos que recebem mensalmente dos programas sociais (bolsa família, vale gás, etc) até R$ 1.500,00, “como é o caso de uma prima minha que tem 10 filhos e deseja ter mais alguns ainda”, afirmou o pernambucano descontente com esse tipo de benefício. Na região baiana de Araçás e Alagoinhas se vê muitos pés de coco. Muitos caminhões baú, tipo carreta, transitam pelos estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Pela BR-101, de Alagoinhas até Feira de Santana os caminhões bitrens carregados de soja são os donos da rodovia. Na Chapada Diamantina se vê muitos cupinzeiros parecidos com área de garimpo. “Não moço, esses murundus foram feitos há muitos anos pelas formigas gigantes que existiam aqui na região”, informou um alegre baiano morador da região de Lagedinho e Andaraí. A fruta umbu dessa região tem a casca aveludada, e o umbu da região de Alagoas a casca é lisa. A palmeira chamada bacuri aqui no Mato Grosso, lá no nordeste ela se chama uricuri. Interessante! No município de Seabra se observa muitas caixas-d’água feitas na frente das residências para captar a água da chuva que cai sobre o telhado. Na BR-242 o melhor local para comprar artesanato é depois de Ibotirama do outro lado do rio São Francisco, onde tem três lojas de artesanatos feitos de barro, podendo observar ali a delicadeza e o carinho dos baianos: “minha rainha e meu rei, tome um cafezinho antes de olhar nossas obras”, diz uma linda moça filha da matriarca daquele comércio.
A moral da história é a seguinte: viajar é muito bom; o nordeste é lindo para os turistas; a seca sempre existiu no nordeste e a transposição do rio São Francisco já era uma ideia desde os tempos de Dom Pedro II (Wikipédia); esse Senhor da natureza (velho Chico) é a maior fonte para a vida existente nos estados da Bahia, Sergipe e Alagoas; os animais que servem os sertanejos têm sobrevida porque se alimentam, além das palmas e cactos, de tudo o mais que serve para enganar o estômago; o sabor da fruta do umbu é semelhante ao gosto dos energéticos; a beleza dos nordestinos está em seu semblante demonstrando a sua alegria de viver com as adversidades da vida; os pernambucanos dizem que Miguel Arraes olhou mais para o sertão e seu neto Eduardo Campos está trabalhando mais nas grandes cidades; o povo baiano é amável e atencioso; alguns jovens caminhoneiros de bitrens são imprudentes também no Nordeste; os condutores de carretas baús são pessoas de mais idade e bons caminhoneiros (meu cunhado Luiz Antônio mora em Recife, tem 60 anos e conscientemente dirige uma dessas carretas baú); nos estados com expressiva quantidade de políticos na Câmara e Senado Federal, o investimento em suas rodovias é o ponto de honra desses representantes do povo; todo o sertão da Bahia do ACM foi privilegiado com telefones públicos; o governo do PT beneficiou todo o sertão do nordeste com a bolsa família, caixas-d’água e geladeiras, esquecendo-se somente da televisão e do rádio; enquanto não houver uma lei para controlar a natalidade, muitos recursos ainda serão utilizados nesses programas sociais, principalmente no sertão onde as famílias e o pequeno comércio sobrevivem desse dinheiro; as praias de Pernambuco são lindas, Porto de Galinhas e Boa Viagem merecem ser visitadas e; conhecer o Brasil é a melhor coisa.

(*) Saulo Moraes é advogado em Rondonópolis e jornalista por formação acadêmica

- PUBLICIDADE -spot_img
« Artigo anterior
Próximo artigo »

5 COMENTÁRIOS

  1. Sou Andaraiense,FORMIGAS GIGANTES… Na verdade os murundús foram formados a milhões de ano ocasionados pela acidez exagerada da terra!!.

  2. MUITO BOM O SEU RELATO SOBRE O NORDESTE, SÓ FALTOU VOCÊ CONHECER ALAGOAS,E PERDEU MUITO COM ISSO. ALAGOS É UM ESTADO PEQUENO, MAS TEM UMA HISTORIA DE GENTE GRANDE.APESAR DE TAMANHO INSIGNIFICANTE, DESDE O IMPERIO SEMPRE ESTEVE A FRENTE DOS GRANDE MOMENTOS DESSA NASÇÃO. NO IMPERIO COM DEODORO E FLORIANO, COM GETULIO COM OS GOES MONTEIROS, NA ERA MILITAR COM O MENESTREL TEOTONIO VILELA, SEM FALAR EM GRACILIANO RAMOS, JORGE DE LIMA, AURELIO BUARQUE DE HOLANDA, GUEDES DE MIRANDA O GENIO DAS LEIS, PAULO GRACINDO, E MUITOS E MUITOS OUTROS. PROCURE LER A HISTORIA DE ALAGOAS. NÃO VAI SE ARREPENDER.

  3. Sou nordestino, de Fortaleza, no Ceará e tive o prazer de ler o relato do doutor Saulo Moraes acerca de sua passagem pelo Nordeste. Tenho a certeza de que muitos mato-grossenses que viram essa reportagem puderam observar a detalhada descrição da lavra do nobre jornalista sobre o ambiente nordestino, suas peculiaridades paisagísticas,o potencial turístico, os aspectos folclóricos e culturais, a influência nos costumes do nosso país continental e, principalmente,a honestidade do sertanejo (quando relata o descontentamento com um prima que já tem dez filhos e quer mais apenas para se aproveitar dos benefícios sociais. Vale aqui uma reflexão: Será que esse é o único caminho para acabar com a pobreza e extingui-la não seria uma falácia?
    Parabéns ao jornalista Saulo Moraes pela matéria e ao jornal A Tribuna por publicá-la.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Baixa do Guaíba revela destruição e prejuízo em Porto Alegre

Este sábado (18) começou sem chuva e com sol em Porto Alegre. A água das ruas já baixou em...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img