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Rondonópolis
 
 

Vizinhos

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Na cultura chinesa, ser bondoso com os demais é um princípio básico da vida em sociedade e as relações de amizade estabelecem as fundações da justiça social. A cultura tradicional chinesa põe ênfase na virtude e na ética em consideração às relações interpessoais, incluindo as relações entre vizinhos.
Tao Yuanming (365-427) era um renomado poeta durante a Dinastia Jin. Ele descreveu sua amizade com seus vizinhos num poema: “Nos reunimos frequentemente e cada um expressa seus pontos de vista aberta e francamente. Quando um de nós descobre um artigo maravilhoso, nós o lemos juntos, quando alguém tem perguntas ou dúvidas, discutimos juntos”.
Sou brasileira mas, graças a Deus, sempre me dei bem com as pessoas e com meus vizinhos. E olha que me mudei muito de casa e de bairro nesta cidade maravilhosa que é Rondonópolis. Vou comentar só algumas situações mais marcantes para não entediar os leitores.
Logo que me mudei para Rondonópolis (1981), ainda meio perdida em uma terra estranha, longe da família (só tinha uma prima aqui), tive vizinhas maravilhosas que me ensinaram detalhes importantes sobre a cidade, seus valores e costumes. Eram pessoas extremamente pobres, mas de um coração enorme, éticas, trabalhadoras e honestas. Ajudavamos-nos mutuamente. Seus filhos e netos brincavam com os meus filhos. Todos eles, pirralhinhos ainda. Hoje homens e mulheres, pais e mães. Quando a gente se encontra por aí, é uma festa, melhoraram bastante de vida, graças a Deus, e fico muito contente por isso.
Depois, em outro bairro, passando por um período muito difícil de minha vida, foram os vizinhos que me deram força, me ampararam, auxiliaram com as crianças e era com quem eu me divertia também. A gente sentava no murinho da casa deles e fazia serenata. Eu no violão, tocava nada, mas animava bem a turma. Que delícia! A gente vivia se chamando: “ô vizinha do 218; ô vizinha do 219! Que saudade. Bom demais. Temos amizade até hoje. E olha que isso foi há mais de 25 anos.
Hoje vivo em um condomínio, portanto tenho vários vizinhos e, além de ter de cada lado de minha casa, bebês maravilhosos, seus pais também o são. Não nos intrometemos na vida um do outro, mas sabemos que qualquer coisa que precisar, estamos sempre prontos e dispostos a nos ajudar mutuamente. Quer uma paz maior que esta? Só por Deus mesmo.
Por isso gosto tanto desta frase de Gilbert Chesterton: “Nós fazemos os nossos amigos, fazemos os nossos inimigos, mas Deus faz o nosso vizinho”.
Quero esclarecer que escrevi este artigo para chamar a atenção de você, leitor ou leitora, para que ao menos observe as pessoas que moram na casa ao lado da sua. Não para bisbilhotar ou fazer fofoca, mas para promover uma aproximação saudável, sem invasão de privacidade.
Afinal, na casa ao lado da sua vivem pessoas que como você lutam diariamente pela sobrevivência, passam por dificuldades, sofrem, têm desgostos, nem sempre estão de bom humor, e, às vezes, sentem-se sozinhas e com vontade, ou melhor, necessidade, de conversar com alguém, ter um ombro para encostar, para poder abrir o seu coração ou simplesmente para se divertir. Provavelmente, o mesmo que acontece com você.
Mas, na pressa do cotidiano, vocês acabam se cruzando e de uma forma quase que automática dizem um para o outro: bom dia, boa tarde ou boa noite! Mas, nem um nem outro presta atenção na pessoa que está cumprimentando, não sabe quem ela é.
Quantas vezes você sentiu um ímpeto de se aproximar, mas teve medo de ser mal recebido, mas interpretado como enxerido ou algo assim. Será que o mesmo não acontece com o seu vizinho? Aliás, quem está mais próximo de você para te atender em um caso de emergência?
A partir destas considerações, que tal parar de vez em quando e perguntar a seus vizinhos mais próximos se está tudo bem, se estão precisando de alguma coisa? Colocar-se à disposição, caso precisem de algo?
Um diálogo simples, sem grandes intimidades, já é um bom começo e garanto que você se sentirá melhor, mais feliz, mais segura(o) e vice versa.

(*) Wilse Arena da Costa – doutora em Educação: Psicologia da Educação – Professora Associada do Departamento de Educação/ICHS/CUR/UFMT (aposentada) e escritora. Contato: [email protected]

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  1. Apenas para enriquecer ainda mais este belíssimo artigo, eu diria que nossos vizinhos podem ser realmente importantes para o nosso convívio. Os meus fazem parte da minha vida; juntos auxiliamo-nos uns aos outros, vimos nossos filhos crescerem, rimos nos momentos de alegria e choramos nos momentos tristes. Com eles aprendi um pouco mais sobre o convívio em sociedade, sobre o amor ao próximo e o amor de Deus.
    Parabéns à Profª. Drª. Wilse Arena da Costa, pela sensibilidade das palavras.

    Maria Aparecida F. Trojilio
    Funcionária Pública
    [email protected]

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