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Cheios de razão

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As relações humanas nas empresas são um dos temas mais intrigantes e de maior impacto sobre o resultado empresarial. A filosofia dessa relação no trabalho, impressa pelo líder, vai ditar como esse clima se desenrolará. Se ameno e pacífico, ou intenso e disputado.
Se a gestão é mais autocrática, diretiva, de cima para baixo, ou como os americanos gostam de utilizar, top down, menos intensos tendem a ser os avanços inovativos.
Infelizmente, ainda temos muitos gestores sempre cheios de razão. Nesse caso, as discussões se limitarão a pontos específicos, normalmente na fronteira da paciência, e neste momento acabam sendo intensos e capazes de dilacerar relacionamentos pessoais e profissionais.
Momento em que todos estarão cheios de razão, mas infelizes. Lá na essência, nossa busca é por felicidade, mesmo que utópica, é o que buscamos diariamente quando saímos de casa e nos dirigimos para o trabalho.
A expectativa é encontrar ambiente e pessoas cujo propósito seja o mesmo. Pela lógica, todo mundo busca a satisfação, sendo parte dela composta pela própria satisfação ou felicidade do outro. Ninguém pode ser plenamente feliz quando percebe a infelicidade do outro ou um ambiente de hostilidade mutua. Independente de onde estejamos, se é na família, na empresa, com os amigos ou na escola.
Ferreira Gullar, num de seus muitos poemas, já descreveu bem a essência do tema quando afirma que “Não quero saber do sofrimento, quero é felicidade. Não gosto de fazer lamúrias. Uma vez, discuti feio sobre determinada situação. Fiquei sozinho em casa, cheio de razão e triste pra cacete. Então, pra que querer ter sempre razão? Não quero ter razão, quero é ser Feliz!”.
Muitas vezes somos impelidos, mesmo com razão de sobra, a discutir, chegando a argumentações exacerbadas que ultrapassam a linha tênue entre a discussão por argumentos, da coação, moral, hierárquica ou de força.
Ao final, mesmo com razão, o que sobra é a fossa. Afinal, quanto vale você ter razão e se sobressair por ela? Impondo-se sempre sobre os demais, mesmo que esteja correto nos argumentos? Algumas vezes vale muito pouco ou quase nada.
Os argumentos, a sua aplicação e a distância que percorremos nos mantendo impassíveis muitas vezes, tem muito a ver com a inteligência emocional, algo imprescindível para um grande gestor.
A nossas manifestações evocam emoções nos outros. Por isso, caso você se apresente irredutível numa discussão, mesmo com razão, dificilmente o seu interlocutor tenha simpatia ou mesmo reconheça a sua vantagem de argumento.
Saber distinguir emoção de razão nas decisões, nas argumentações e nos relacionamentos com colegas e colaboradores é uma característica fundamental e desejável, principalmente nos gestores cujos resultados dependem muito da interação com a equipe e atuam em ambientes dinâmicos.
Na gestão das organizações, quanto maior o ambiente de interação e mais amistoso for o relacionamento, maior tende a ser o debate e mais intensos serão os resultados, sem o necessário atrito de posicionamentos. Cujo resultado normalmente é pernicioso para as pessoas e para a empresa.
Mas vale lembrar que o gestor precisa estar preparado para esse modelo de relacionamento, caso contrário corre o risco de dar abertura e no meio do caminho fechar a porta.
Por isso, uma das preocupações dos gestores é tornar os relacionamentos atrativos e amistosos. Os colaboradores precisam estar cônscios das suas responsabilidades, mas devem se sentir à vontade para discutir francamente com ele e os demais, soluções para os problemas.
Mario Quintana afirmava que “experiência é um nome bonito que damos aos erros que cometemos no passado”. Por isso, como gestor, tomo mais cuidado a cada dia que passa para que não apele apenas aos argumentos, discuta friamente e, mesmo cheio de razão, me sinta um melancólico perdedor.
Boa semana de Gestão & Negócios.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante –  [email protected]

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