Já não há como dissimular
A saudade que sinto do agreste
Saía em meu cavalo a cavalgar
Com roupas de couro que o vaqueiro veste.
Entre espinhos e outras armadilhas
A valentia do cavaleiro impera
E com a finalidade de capturar uma novilha
O caçador vai atrás da fera.
Chapéu de couro quebrado na testa
Um laço de couro curtido na mão
Cavalo de raça que presta
Muita fé e devoção.
Os anjos nos dão apoio
Parecem voar ao lado do cavalo alado
Eu solto do pulmão um aboio
Logo tenho o controle do gado.
A caatinga é meu campo de guerra
Não tenho medo, mas sou pacato
Caiu no laço entrega-se e berra
Sou boiadeiro do mato.
Toco berrante desde pequeno
Derrubo boi na técnica do braço
Não me rendo à chuva ou sereno
Gosto muito daquilo que faço.
E no dia que estou nervoso
Risco a espora no potranco
Aqui não tem moleza para famoso
O sistema é rústico e muito franco.
Porém nos dias de vaquejada
Vem peão de todo canto
É festa pra toda moçada
Padre Cícero é nosso Santo.
Temos grandes desafios na vida
Vencer a seca e a fome
Por aqui não há saída
Somos persistentes e temos nome.
Levo farinha com rapadura no picuá
E quando for preciso derrubo a fome
Desânimo por essas regiões não há
Não somos lendas, somos homens.
(*) Francisco Assis Silva é bombeiro militar – email: [email protected]