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Rondonópolis
, 25 maio 2024
 
 

Inglês na escola pública

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O retorno das aulas na rede estadual de escolas públicas no início de fevereiro trouxe
consigo uma certeza e uma dúvida: aumentou (em 5%) o contingente de alunos matriculados em relação a 2011 (dados da Seduc) e, o mais relevante, será mesmo que os profissionais efetivos ou contratados estão (ou estarão) realmente comprometidos com a oferta de um ensino de qualidade até o final do ano? A julgar pelo que temos visto nas últimas décadas, já sabemos qual é a resposta para essa indagação…
No campo da linguagem, mais especificamente nas aulas de inglês, os quase meio milhão de estudantes matriculados poderão até ter material consumível acompanhado de CD de áudio e professores com graduação e mestrado na área, mas doutorado? – come on! Outra coisa, quem disse que título é sinônimo de boa didática, profissionalismo e (claro!) competência linguística? No Brasil, onde diploma continua a valer mais que competência, teoria e prática não se coadunam nem na academia, ou seja, nas faculdades e universidades. Nesse contexto, nada mais compreensível do que ouvir o discurso oficial (apregoando que estamos evoluindo a lot no que se refere à educação) com certo ceticismo.
Nas férias (Que férias?), li e reli o livro “Inglês em escolas públicas não funciona? Uma questão, múltiplos olhares”, organizado por Diógenes Cândido da Silva e publicado pela Parábola Editorial (em 2011). A obra em questão se baseia na narrativa de um aluno que, com base na sua própria experiência, descreve a escola pública como lugar não possível de aprendizagem de inglês. Razões? Professores que não sabem a disciplina, concursos públicos pouco confiáveis e outras situações inconcebíveis que explicam apenas parte do problema.
Ora, como aprender uma língua estrangeira num contexto pouco promissor como o brasileiro, em que os próprios professores não são leitores assíduos de livros publicados na língua que ensinam, têm grande dificuldade com compreensão auditiva e costumam cometer os erros mais elementares quando escrevem na lousa ou, quando abrem a boca, produzem um linguajar bastante peculiar, pouco ou nada semelhante ao idioma oficial do Grammy, do Oscar e da indústria do entretenimento? Em conjunto com salas de aulas lotadas, alto índice de alunos desinteressados (pois as aulas são desinteressantes!) e falta de estrutura na escola (tanto na biblioteca quanto na sala de aula), o que já era ruim consegue ser ainda pior. Please, tente não se perguntar quando tal situação deve melhorar, pois a indiferença, o descompromisso e o descaso dos maiores interessados (alunos e professores) podem tornar tal perspectiva simplesmente inviável.
Meus dois filhos, Victor e Vinícius, não posso deixar de mencionar aqui, às portas do ensino médio, aprenderam a detestar a matéria na sala de aula ou, quando muito, a achar engraçado (ou absurdo) o que acontecia (e ainda acontece!) nas aulas de língua inglesa que tiveram (e ainda têm) em algumas das escolas da região central da cidade. Como reverter um caso trágico como esse, infelizmente tão comum?
Sabendo-se disso, quem me garante que esse ano, e nos anos que estão por vir, a realidade das escolas públicas de Rondonópolis, do Mato Grosso e do Brasil será diferente no que se refere à questão linguística? Sinceramente, só se estivermos à espera de um milagre…

(*) Jerry Mill é  mestre em Estudos de Linguagem e Presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA)

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