Vês, esse adolescente
Sem currículo, sem nome,
– Apenas “menino de rua”
Em cuja imagem denota
A síndrome da fome.
Egresso da licitude,
Descuidado ele prossegue
Em sua envoltura
Rude e travessa,
Ao completo alheiamento
Do que seja a ternura.
Andejando ao léu
Sem ter, afinal,
A noção do caminho
Por onde se alcança
O amor e o carinho.
Esse menino coitado,
Não parece aspirar
Um sonho amigo
Em sono tranquilo,
Porque um teto não tem
Que lhe sirva de abrigo.
Carente de tudo,
Vivendo o vazio,
Transparece seus males
Sem pensar que eles vêm,
De um lar erradio
De onde provém
O seu transe vadio.
Alheio também a poesia
Do romântico poeta
Que o nome é lembrado
Com muita ufania,
Juntamente a seus pares
Que têm a ventura
Da doce alegria!
O menino de rua,
Nunca tem de que ir
Pois vive o vazio
De uma vida sem rumo,
Nos dias chuvosos
Ou plenos de estio!
(*) Nivaldo Melo é poeta baiano, morador em Ibicaraí-BA