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, 20 maio 2024
 
 

Quando a outra se chama Grei

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Isso mesmo! Seu nome não é Greice, mas Grei!
Minhas infidelidades e traições são numerosas demais para ser contadas. Não sou digno nem de pegar em pedras, quanto mais atirá-las. Ainda me prendo à ilusão de que preciso ser moralmente impecáveis e aquela a quem amo não pode ter fraquezas humanas.
Fui amante de duas e agora parto para a terceira.
Pela primeira, larguei tudo e todos, abandonei a profissão, deixei para trás pais, irmãos e amigos, corri contra o óbvio, fugi à realidade e fiz loucuras por amor, por ser amante. E apaixonado não enxerguei a vida. Entreguei-me de corpo e alma, apostei tudo, investi o que pude e acreditei. Mas ela deu-me um chute ao primeiro deslize, não liberou o perdão e nunca esboçou compaixão. Agiu friamente e de maneira calculada se foi. Que desperdício! Treze anos.
A compaixão sincera que provoca o perdão amadurece quando descobrimos onde nosso inimigo chora. Entretanto, pela falta de humanidade a frustração aumentava.
Agora, que fazer? Erguer a cabeça, seguir avante e recomeçar.
Pela segunda, permaneci. Levantei e me reorganizei. De pé, fui construindo no decurso de sete anos. Quanta aventura! Tudo parecia se fazer novo e novamente me apaixonei. Embebido de amores, investi, apostei e vi seu desenvolvimento e robustez. Quando tudo parecia que nada faria cessar, em seu nascimento, chegou o fim. Quanta ingratidão! Quanto desprezo! Não bastou o sofrimento, a dor e o luto de dias negrumes e noites esdrúxulas no lampejo da vida, a falta de alimento, as perdas patrimoniais e as fadigas emocionais. Fui abandonado. A ajuda que veio fez foi sucumbir, indo de mal a pior. O amor se foi. Culparam-me de abandono. Quanto labor! Durou apenas seis anos. Outro a tomou nos braços.
Pela experiência, a cura íntima do coração raramente é uma catarse repentina ou a libertação instantânea da amargura, da raiva, do ressentimento e do ódio.
Porém, como é fácil amar os que nos amam, então amar nossos inimigos deve ser o brasão que me identifica como filho do Pai. E isso é radicalmente inclusivo. Pois, para as exigências do perdão, que são tão intimidadoras e parecem humanamente impossíveis, só resta-me a graça! E só por meio dela.
Para este momento extremo de solitude há apenas um lugar aonde ir, o Calvário. Fiquei ali por quase todo um ano. Não estava preparado (se é que há preparo!) para nada de tudo o que me aconteceu. Quis desistir. Chorei.
Estar na solidão, no abandono, no desaconchego e na falta de estrutura emocional, econômica, social e política é arrasadora e, por si só, suicida. Mas o entendimento dá início à compaixão que possibilita o perdão e seu poder curador.
A vida não para e não quero arrefecê-la. O caminho da ternura evita o fanatismo cego que deseja exterminar o amor. Contudo, Deus é o amante, o amado e o próprio amor.
Minha identidade se tornou ambígua, experimentar e confusa. Ironicamente, a negação, a repressão e a dor são na verdade, o que me dá forças para ser guerreiro até o fim.
Portanto, já há quatro meses e meio, novamente me apaixonei pela terceira vez. Contudo, tenho aprendido que ela é semelhante a uma mulher sedenta, não poderei entregar-me por inteiro.
Entretanto, a maturidade me ensinou que a falta de autoconsciência infantil no amar nos afasta da introspecção mórbida, da infindável auto-análise e do narcisismo fatal do perfeccionismo espiritual. Nesse aprofundamento da nossa união mergulho na plenitude da experiência e na consciência vívida de que sou aquele que Jesus e o Pai ama.
(*) Rev. Esp. Antonio de Pádua Gomes de Matos, Ministro do Evangelho, Capelão, Administrador e professor, pastor da Igreja Batista do Avivamento

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