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VACINA CONTRA O HPV NO SUS

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Segundo médico, o que falta não é informação, mas colocá-la em prática

Há alguns meses, vimos um ministro de Estado do Brasil, defendendo a ideia de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deveria aplicar dinheiro público (mais de R$500 milhões) na fusão de dois grupos de supermercados (um brasileiro e outro francês).
Há poucos dias, um ex-jogador de futebol, um “fenômeno”, em entrevista coletiva, não teve medo ou vergonha de dizer que não se faz Copa do Mundo com hospitais (respondia sobre dinheiro público na construção de estádios de futebol).
Diante disso, defendendo a área em que atuo, sinto-me no dever de exigir mais atenção e mais insumos para a saúde pública, em especial, para as doenças causadas por HPV. Há muito se conhece a carga de doenças produzidas pelos HPVs: das neoplasias intraepiteliais e cânceres anogenitais ao condiloma acuminado (verrugas anogenitais e bucais), passando por papilomatose respiratória recorrente e cânceres de cabeça e pescoço (boca, faringe, laringe).
O combate a estas doenças é uma preocupação mundial, tanto que, em 2008, o professor Harald zur Hauzen foi laureado com o Prêmio Nobel de Medicina pelos seus trabalhos envolvendo o câncer de colo uterino e os HPVs.
Desde 2006 já existe vacina profilática contra HPV, e os gestores públicos de praticamente todos os países ditos desenvolvidos a oferecem, gratuitamente, na rede pública. Neste contexto, destaca-se a Austrália, país que obteve o maior índice de diminuição da incidência de doenças causadas por HPV por meio de vacinação.
Recentemente, mais um trabalho sobre o assunto foi publicado em periódico científico: Read TRH, Hocking JS, Chen MY, Donovan B, Bradshaw CS, Fairley CK. The near disappearance of genital warts in young women 4 years after commencing a national human papillomavirus (HPV) vaccination programme. Sex Transm Infect 2011;87:544-547. Desta publicação, destacamos a figura que se segue, uma imagem que fala por si.
Ao final do texto, os autores concluem: “The dramatic decline and near disappearance of GW in women and men under 21 years of age, 4 years after commencing this programme, suggest that the basic reproductive rate has fallen below one.”
Com base nessas experiências bem-sucedidas, não nos resta outra alternativa se não dizer que os gestores públicos brasileiros, ao não disponibilizarem vacinas contra HPV, principalmente para a população jovem brasileira, deveriam ser responsabilizados civil e criminalmente. Isso porque, ao negarem este benefício para a população, estão fortalecendo práticas que perpetuam as doenças infectocontagiosas causadas por HPV.
Finalizando, nossos aplausos a alguns gestores públicos brasileiros, como os do município de Campos dos Goytacazes (RJ), que, numa ação inovadora, oferecem, há mais de um ano vacinação contra HPV na rede pública.
Por outro lado, nossas vaias, muitas vaias, para o Ministério da Saúde e presidência do Brasil que insistem em negar à população brasileira essa eficaz e segura proteção contra as doenças causadas por HPV.

Mauro Romero Leal Passos
chefe do Setor de Doenças Sexualmente Transmissível da Universidade Federal Flumi-nense e membro da Comissão Nacional Especializada de Doenças Infecto-contagiosas em da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)

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