Sabe-se que as hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. No verão, época de temperaturas mais quentes, é preciso cuidado especial com uma delas: a hepatite A (HAV).
A principal via de contágio do vírus HAV é o contato direto com dejetos ou ingestão de água ou alimentos contaminados. Nesta época do ano, essa transmissão é acentuada pelas condições climáticas, que oferecem um ambiente ideal para a estabilidade do vírus no meio ambiente.
Para a dra. Tânia Reuter, membro da Comissão de Hepatites Virais da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), as pessoas devem ficar atentas principalmente nas praias, com a qualidade da água a ser ingerida e também aos consumir alimentos comercializados sem condições adequadas de (manejo e) armazenamento.
“Latas e garrafas dentro de isopores de vendedores ambulantes podem não estar 100% limpas, uma vez que a pessoa que as manuseiam não lavam as mãos toda vez que pegam uma latinha, por exemplo. É este indivíduo quem provavelmente contaminará o produto que as pessoas irão ingerir”, explica.
Outro risco que deve ser evitado são os alimentos crus, como salada de frutas e sanduíches naturais, bem como os alimentos cozidos manuseados por vendedores sem luvas.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas mais comuns são náusea, febre, olhos amarelados e urina escura. Normalmente o indivíduo passa um período de mal-estar e acaba não o atribuindo à doença, pois acredita ser uma simples intoxicação alimentar.
“Na maioria das vezes, o paciente não chega nem a consultar um médico”, relata Dra. Tânia.
Quando o paciente recebe atendimento médico e o diagnóstico não está claro, são realizados exames de sangue que fornecem informações sobre o funcionamento do fígado, que está passando por esta reação inflamatória decorrente do vírus da hepatite A.
Imunização
A mais eficiente forma de prevenção é a vacina, que pode ser aplicada a partir de um ano de idade, em duas doses com intervalo de seis meses entre elas. No entanto, a Dra. Tânia revela que esta vacina ainda não é fornecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“A prevalência ainda elevada na população em geral, além de sua apresentação clínica benigna sem evolução para doença crônica e raros casos da forma fulminante da doença, leva o Ministério da Saúde a não adotar a vacinação universal da população como medida estratégica de saúde pública. Entretanto, do nosso ponto de vista, como infectologistas, toda doença é passível de prevenção por vacina; sendo assim, caberia a todo indivíduo se imunizar.”
Tratamento
Não há tratamento medicamentoso para a hepatite A. Nestes casos, o que se indica é repouso relativo, evitando as atividades físicas e as bebidas alcoólicas até que a função hepática seja normalizada, lembrando que sob acompanhamento médico regular durante este período.