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, 15 junho 2024
 
 

Fragmentos

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Sueli ignoti - 29-11-11Por ocasião do “Dia dos Pais”, que pode até ser um recurso do mundo capitalista para aquecer as vendas, impossível negar o contágio desse movimento. As atenções podem acontecer por obrigação ou afeto. Cabe a cada um escolher pela convenção ou desejo…
Interessante a repercussão disso nas redes sociais. Será que os homenageados tomaram conhecimento do que se tornou público a respeito deles? Esperamos que sim, sabendo que muitos não tem acesso ao mundo virtual…
Há alguns anos, à luz da psicanálise lacaniana, consideramos a pluralidade do nome do pai. Jacques-Alain Miller nos lembra que “a paternidade tem pouquíssima evidência natural, sendo antes um fato cultural.”
Evidentes os avanços das últimas décadas, mas continuamos com a família, não importa de que forma esteja composta, como melhor forma de criar os pequenos. O efeito dessa referência é evidente. Mas como fazer isso?
Crianças de outrora, com fragmentos que marcaram suas histórias, ilustram com arte o tema da referência paterna.
“Ao anoitecer estávamos à mesa e eu, aos seis anos, perguntei ao meu pai o que era consciência tranquila.
-É sentar de costas para a porta, como estou, sem medo. “…
“Eu tinha três anos quando fui para a praia pela primeira vez. Tínhamos recebido as chaves da casa que seria nossa por uma semana. O funcionário da imobiliária apresentou a casa toda e conferiu seus pertences. Logo que ele saiu minha prima ligou o ventilador que estava com uma corrente do lustre enroscada na hélice. O dano foi imediato. Assustado, falei ao meu pai:
– Vamos esconder antes que o homem volte.
– Não. Nós vamos lá contar que quebrou e pagaremos o conserto. “…
“Mal me lembro disso, mas ouvi minha mãe contar inúmeras vezes. Aos dois anos fui levado por meus pais para tomar vacina. Talvez a dor que senti tenha sido agravada pelo medo. Saí da sala no colo de meu pai, segurando o choro e dele recebi a autorização:
– Pode chorar… Homem também chora. “…
“Eu estava na primeira série. Meu pai me levaria para uma pescaria, mas eu precisava pedir autorização à diretora do colégio para faltar na sexta feira. A missão parecia impossível, mas meu pai disse que eu podia fazer isso sozinho. Lá fui eu com meu melhor argumento: era importante ir pescar com meu pai. A resposta da diretora foi inesquecível:
– Legal! O que você vai aprender na pescaria com seu pai não ensinamos na escola.” …
“Eu era bem pequena e minha mãe quis saber o que estava fazendo na geladeira o cartão que meu pai tinha escrito em meu aniversário. Meu pai era de escrever pouco. Minha justificativa foi convincente:
– A senhora não diz para guardar na geladeira as coisas que não podem estragar?”…
“Cresci ouvindo que a menina tinha que aprender todas as prendas domésticas. Sair da casa dos pais antes do casamento, para estudar ou trabalhar, naquele contexto era exceção e não regra. Para ser honesta comigo mesma apresentei meu projeto de vida ao meu pai, pronta para sua recusa.
-Vá… Se não der certo, estamos aqui.” …
“O domingo era esperado por todos os netos e alguns amigos, para ir ao parque de diversões da praça, com meu avô. O algodão doce coloria nossa tarde. Do lugar de neto mais velho eu auxiliava no cuidado com os menores. Certo dia fui comprar o algodão doce para todos. Voltei saltitante porque a mulher errara no troco, o que renderia outra compra. Ouvi apenas:
– Volte lá e fale que ela errou. Devolva o que não é seu. “…
Jacques Lacan esclarece: “O Pai não tem Nome próprio. Não é uma figura, é uma função. O Pai tem tantos nomes quantos suportes tem a função. Sua função, ligar o significante e o significado, a Lei e o desejo, o pensamento e o corpo…”.
Parabéns aos que escolheram o desafio dessa função para todos os dias.

*CRP 18/00078
Participante da Delegação Geral MS/MT – Escola Brasileira de Psicanálise Consultório 66 3421 5684

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