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Eleri _UO Brasil é um país maravilhoso, mas há muitas coisas que são difíceis de entender. Quando conhecem melhor, muitos estrangeiros se espantam com nossa capacidade de complicar aspectos simples do cotidiano. Obviamente que sempre haverá explicações aparentemente lógicas, mas a maioria delas não é sensata.
Os leigos são os que mais sofrem com isso, ao contrário do que se esperaria, dado que a explicação do profissional deveria emprestar exatamente essa facilidade para dissipar a ignorância. Embora de filosofia barata, há um ditado útil nesse sentido: tudo o que precisa ser muito explicado, não vale a pena.
Ocorre que em algumas áreas, existe um processo instaurado exatamente para complicar o simples e tornar as questões mais complexas e de difícil compreensão, talvez para valorizar. Em outras, há justificativas em abundância, embora tenha pouca lógica.
O momento político que vivemos é um desses escabrosos e lastimáveis, principalmente com as baixarias de parte a parte, tanto dos candidatos como de seus defensores. Basta olhar as redes sociais e veremos lá idiotices e insultos sendo propalados (aliás, é o que tem predominado nelas) por gente que aparentemente é séria e amigável. Por consequência, vejo muitos manifestando nojo por esses comportamentos e até criando certa antipatia ou indiferença pela democracia, algo que nos custou muito obter.
Uma dessas áreas que tem justificativa para tudo, mas lógica para pouco é exatamente a justiça eleitoral. Não é por acaso que uma das principais questões urgentes de interesse do país é a reforma política e com ela alguns aspectos umbilicais da legislação da área. Há muita gente contra, é claro.
Um exemplo patético desse imbróglio está no A TRIBUNA de domingo, na seguinte manchete: “Mais de 600 concorreram com registro negado”. A pergunta óbvia é: como alguém pode concorrer a algo, se não tem registro ou se não está apto para fazê-lo? Não parece óbvio?
Evidente que não! Há inúmeras justificativas legais para tudo o que ocorre. Os doutos se esbaldam em citar referenciais legais. E estão corretos nisso. Melhor que haja mesmo justificativas amparando as aberrações do dia-dia. Mas continuam sendo incoerências e ferindo a lógica.
Tomemos como exemplo o caso dos sujeitos que concorreram sem serem candidatos. Não parece racional que sequer eram candidatos e mesmo assim lhes foi permitido concorrer? Se não possuíam registro, como eram candidatos? Claro, a legislação permitiu e existe amparo legal para isso. Mas é um contrassenso total. Pela racionalidade moral não é defensável.
Se existem um conjunto de regras para que qualquer cidadão se posicione como candidato numa corrida eleitoral, o que estão fazendo lá aqueles que não cumpriram as regras antes do jogo começar?
Há alguma dúvida nesse sentido, de que a legislação e nossa prática são falhas e contribuem para embolar o processo? Emergem dessa questão os possíveis interesses não declarados e também por isso, indefensáveis numa democracia mais madura e séria.
Boa parte das profissões, por exemplo, tem regulamentação e necessitam de registro nos respectivos conselhos. Alguns inclusive têm temidas provas anuais para que seus candidatos possam exercer a profissão. Se não há registro aprovado, parece coerente que não temos candidato, muito menos profissional habilitado.
Comparativamente, já tivemos vários casos esdrúxulos no Brasil em que concorrentes (candidatos não habilitados) chegaram a serem diplomados (aptos a exercer o cargo) e posteriormente foram destituídos em função de que os processos transitaram em julgado, não lhes sendo favoráveis.
Casos como estes dão mostras de como ainda somos uma democracia juvenil, com muitas inconstâncias, típicos da idade, mas que pode e precisa amadurecer com segurança. Como cidadãos devemos ter o papel de nos empenhar para que as reformas necessárias ocorram, cobrando-as dos elegidos. Se não ocorrerem, a alternância, sempre é um bom recado.
Boa semana de Gestão & Negócios.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante–[email protected]

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