Para liderar é necessário estar presente. De um jeito ou de outro, física ou virtualmente (na maioria dos casos, nas duas formas), é fundamental estar próximo.
A presença física tem ainda maior impacto que a virtual e colabora em diversos sentidos, em vários aspectos e condições. Independe se é na família, na gestão das empresas e inclusive no marketing.
Nada de exageros para, ao invés de liderar, acabar coagindo. Todo exagero parece pernicioso. Não há dose que valha como regra e é necessário, cada caso e público, identificar a porção certa. Alguns profissionais, notadamente os mais competentes, não gostam de ser monitorados, por isso a presença precisa ser suave e mais no sentido de apoio do que de cobrança.
Em entrevista recente a uma revista científica de circulação mundial, o secretário da marinha americana Raymund Mabus Jr. (que já foi governador do Mississippi e CEO industrial), se refere exatamente as questões de foco e presença para liderar com eficiência.
O exemplo das forças navais pode servir de arquétipo para o cotidiano das empresas e da vida pessoal, já que possui filosofia sistêmica. Para a pasta do secretário, estar presente, demonstrar atenção, demarcar território são aspectos básicos.
Enfatiza que o grande desafio não é estar no lugar certo, na hora certa, mas sim, ‘estar’ o tempo todo, já que em função das características dessa área, significaria mobilizar uma grande quantidade de navios sempre que houvesse alguma necessidade emergencial fora do foco.
Isso significa, nas diferentes áreas, conhecer e definir exatamente onde concentrar os esforços de presença, já que não é possível estar em todos os lugares o tempo todo. Os recursos de comunicação virtual auxiliam nesse sentido, mas falham em um amplo conjunto de aspectos, principalmente no da fluidez do relacionamento.
Como aspecto central da liderança nos negócios, a presença empresta segurança e, se bem conduzida, colabora para avanços mais rápidos, gerando melhora na competitividade das áreas. Dosar isso não é tarefa fácil, mas precisamos tentar diariamente acertar os parâmetros.
Como uma visão sistêmica da importância de estar presente, podemos emprestar essa abordagem com facilidade também ao marketing. Uma das mais importantes e conhecidas marcas de refrigerante de cola do planeta, por exemplo, mesmo sendo amplamente distinguida no mundo corporativo, investe recursos extraordinários diariamente para se manter presente na memória dos consumidores.
O desafio diário é se manter conhecida e reconhecida, e por isso a necessidade de estar presente diuturnamente na mídia, fazendo com que a marca e seus produtos se mantenham vivos e atuais na memória histórica da população.
Na vida familiar é um caso típico de que a falta de presença dos pais na educação dos filhos, por exemplo, causa estragos severos para o núcleo familiar bem como para o futuro deles. Alguns irreversíveis.
A falta de presença, participação e convívio no ambiente têm sido apontados como um dos principais motivos de revolta de crianças e adolescentes, desleixo nas atividades escolares, falta de compromisso e de responsabilidade, dentre outras consequências danosas.
Essa falta de presença faz com que assumam valores diferentes daqueles que os pais gostariam, muitas vezes oriundos de funcionários (que são os que mais participam da vida deles), vizinhos e até mesmo colegas.
A responsabilidade dos pais em liderar o percurso que os filhos deverão trilhar só pode ser consumada quando se está próximo fisicamente e assim como noutras áreas, requer gosto (nesse caso, amor) para que o tempo seja uma moeda valiosamente empregada e não relegada a terceiros.
Assim, independente em qual área que exercermos a liderança, temos o compromisso, para o nosso bem e dos que lideramos, de nos mantermos presentes e notados. Sem exageros.
Boa semana de Gestão & Negócios.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante – [email protected]
