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Pioneira realiza o sonho de ser professora depois de aposentada

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A série de reportagens especiais do A TRIBUNA com os pioneiros de Rondonópolis traz, nesta edição, a história da professora Maria Vieira Costa, de 72 anos, que chegou ao Mato Grosso junto com a família em 1960. Atualmente, ela é a professora mais velha atuando na educação da cidade, lecionando na Unidade de Educação Infantil Jéssica Adriana Ferreira Lima, no Jardim Atlântico. A chegada no estado até realizar o sonho de dar aulas tiveram um longo e bonito caminho percorrido, que pode ser conferido nesta reportagem.


Foto: Patrícia Cacheffo

Maria Vieira Costa, hoje com 72 anos, nasceu em 1945 na cidade de Tupã, interior de São Paulo. Seu pai, conhecido como Coronel Sebastião, era fazendeiro do ramo cafeeiro e agropecuarista no Oeste Paulista, e passou pelo estado de avião para observar os limites permitidos pelo regime militar para abertura de rodovias e estradas para acesso à fazendas.
Viúvo e com os oito filhos, chegou definitivamente ao Mato Grosso em 1960, fixando residência inicialmente na zona rural de Poxoréu. Em companhia dos filhos, construíram a sede da fazenda Santa Terezinha, onde passaram a criar gado, porcos, galinhas, perus e plantar espécies frutíferas.
Tudo que era produzido na fazenda era vendido em Guiratinga e em Rondonópolis. Ele, inclusive, construiu uma ponte sobre o Rio Areia e participou da abertura da MT-270, a época com correntão. “Tudo que era produzido na fazenda abastecia a feira que ocorria na estrada de chão da Avenida Marechal Rondon e na Praça dos Carreiros”, lembra a pioneira.

A pioneira e professora Maria Vieira Costa, junto a parte dos familiares – Foto: Patrícia Cacheffo

Pioneira se formou em pedagogia em 2012, e atua na rede municipal de educação

A família passou alguns anos na fazenda. Maria trabalhou ao lado do pai na roça, se casou aos 15 anos e teve oito filhos. “Meu pai deu muito emprego, ajudou a alfabetizar muitas crianças da região, já que construiu uma escolinha na fazenda. Lembro que em Rondonópolis, além de ser conhecido como coronel, também ganhou o apelido entre os peões de homem do peru, já que na época de Natal ele dava perus pra muita gente”, explica.
Do período, ela também se recorda do “Bagunça”, dono do Hotel do Bagunça. “Era o local em que os peões ficavam, e eles bebiam e começam a brigar. O dono falava para de bagunça gente, e acabou ganhando esse apelido. Muita gente se hospedava por lá, e os carros de bois ficavam debaixo de uma árvore com a copa bem grande, na Praça dos Carreiros”, recorda.
Com o falecimento do pai, e após a política de urbanização do regime militar (incentivo da saída do campo para se trabalhar e estudar na cidade), ela acabou se mudando para Rondonópolis.
Sem estudo, sem emprego, sem o marido e sem renda, trabalhou como lavadeira, faxineira, passadeira, dentre outros. A casa no Jardim Rondônia próxima ao Ribeirão Arareau, é a mesma em que vive até hoje.
Do período inicial em Rondonópolis, ela lembra que lavava roupas no Arareau, que tinha água em grande volume e limpa. “Enquanto lavava roupas, as crianças brincavam e tomavam banho no rio, a água era tão limpinha que dava até para beber. Havia fartura de peixe, eu gostava de pescar no deságue no Rio Vermelho”, conta.
Em 1975, conseguiu um emprego na Escola Estadual Emanuel Pinheiro como faxineira. “Passei a ser servidora do estado e, após 35 anos de trabalho, me aposentei”, explica.
Após a aposentadoria e com os filhos criados, ela decidiu então que era momento de realizar o sonho de ser professora. Passou a estudar, do primário chegando até a se formar, em 2012, no curso de pedagogia. Desde então, é professora na Unidade de Educação Infantil Jéssica Adriana Ferreira Lima, no Jardim Atlântico.
Diferente das demais professoras, que são chamadas de tia pelas crianças, dona Maria é chamada de vó pelos pequenos. A história da pioneira enche de orgulho os filhos e netos, que não hesitam em destacar a coragem da mãe, bem como o amor pela profissão.
Em sua casa, ela mostrou para a reportagem os inúmeros materiais que utiliza para alfabetizar as crianças. Apesar da idade, a pioneira não apresenta nenhum cansaço quando se trata de desenvolver projetos e atividades com as crianças.
“Cheguei em Rondonópolis para construir a vida sozinha com meus filhos, e a prioridade foi criar bem e dar educação para eles. Somente depois disso foi que pensei em realizar o meu desejo, que era o de ser professora”, conta.
Além dos oito filhos, Maria tem também 11 netos e oito bisnetos.

Registro da primeira foto em Mato Grosso, com a mãe e irmãos
Dona Maria, aos 72 anos, leciona em unidade de educação infantil do município
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