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O grande desafio enfrentado pelas escolas

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Manuseio do celular dentro de sala de aula ainda é um assunto muito polêmico - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Manuseio do celular dentro de sala de aula ainda é um assunto muito polêmico – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Cada vez mais cedo crianças e adolescentes têm tido acesso a um celular com internet. Uma pesquisa feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelou que 52% dos alunos de escolas com turmas de 5º e do 9º anos do ensino fundamental e do 2º ano do ensino médio, localizadas em áreas urbanas, usaram telefones celulares em atividades escolares no ano passado. Entre os estudantes do ensino médio, o percentual atingiu 74%.
Diante desse quadro, trazendo o debate para o âmbito local, a reportagem do A TRIBUNA procurou alguns profissionais da área da educação e também da psicologia e apresentou os seguintes questionamentos: O uso dos celulares tem prejudicado o ensino? Quais os prejuízos dessa tecnologia nas relações interpessoais? Como as escolas/professores devem lidar com o uso dos celulares? Quando (em que idade) os pais devem dar um aparelho celular com internet ao filho? Como os pais devem orientar sobre um bom uso dos aparelhos nas escolas? Quais os riscos dos aparelhos celulares na vida de crianças e adolescentes?
Confira, a seguir, o que cada um respondeu:


NA SALA DE AULA

“É necessário que se estabeleça regras”, afirma pedagoga

Regiane Pradela, formada em Pedagogia e mestre em Educação pela UFMT de Rondonópolis: “não é fácil, mas não podemos simplesmente ignorar essa tecnologia” - Foto: Acervo Pessoal
Regiane Pradela, formada em Pedagogia e mestre em Educação pela UFMT de Rondonópolis: “não é fácil, mas não podemos simplesmente ignorar essa tecnologia” – Foto: Acervo Pessoal

Na visão da professora Regiane Pradela da Silva Bastos, formada em pedagogia e mestre em Educação pela UFMT de Rondonópolis, o uso do celular prejudica o ensino quando não é utilizado de forma adequada. “Uma vez que o celular pode dispersar a atenção com muitas informações informais, e o aluno deixa de construir o seu conhecimento formal que é a principal função da escola. O grande desafio da escola é aliar essa tecnologia ao ensino”, disse Regiane.
Conforme a professora, o uso excessivo do celular tornou as relações interpessoais superficiais. De acordo com ela, o uso dessa tecnologia facilitou a comunicação das pessoas distantes, mas muitas vezes afasta as pessoas que estão próximas fisicamente, o que se diminui o contato social, o olho no olho, a afetividade e a construção de laços afetivos.
Questionada sobre como as escolas e professores devem lidar com o uso dessa tecnologia, Regiane repassou que o fato dos alunos manusearem aparelho dentro de sala de aula é muito polêmico. “Pois assim como ele (o celular) pode auxiliar na construção do conhecimento, ele também dispersa o aluno”, reiterou.
Porém, a pedagoga afirmou que não se pode ignorar o uso dessa ferramenta que está tão presente no dia a dia. “É necessário que se discuta com os alunos sobre o uso desse aparelho em sala de aula e junto com eles se estabeleçam regras de quando e como usá-lo para a aprendizagem. Não é fácil, mas não podemos simplesmente ignorar essa tecnologia, porém procurar cada vez mais utilizá-la como aliada, tornando a aula mais atrativa”, concluiu Regiane Bastos.


A PSICÓLOGA

“O ideal é o bom senso de cada pai”, recomenda Sanira

Sanira Logrado, psicóloga: “a internet é um ótimo recurso, porém o problema está na maneira como esse meio é usado”
Sanira Logrado, psicóloga: “a internet é um ótimo recurso, porém o problema está na maneira como esse meio é usado” – Foto: Arquivo

Deivid Rodrigues
Da Reportagem

É algo difícil de predeterminar uma idade em que os pais devem dar um aparelho celular com internet ao filho. A avaliação é da psicóloga Sanira Amaral Logrado, que afirmou que se tem visto casos de suicídio e abuso em adolescentes de 17 anos induzidos pela rede mundial de computadores.
Segundo ela, a internet é um ótimo recurso, porém o problema está na maneira como esse meio é usado e na facilidade de acesso à crianças e adolescentes a conteúdos impróprios e pessoas com má intenção. “O ideal é o bom senso de cada pai e o acompanhamento do uso até a maior idade”, repassou Sanira.
Com relação à escola, de acordo com a psicóloga, o uso da internet é muito tentador, uma vez que os conteúdos e aplicativos são diversos e interativos. Por isso, conforme Sanira, a atenção pode ser facilmente desviada para dar “uma espiadinha” e isso atrapalha na absorção de conteúdo.
“Mais uma vez é preciso bom senso para determinar se deve deixar ou não os filhos levarem celulares com internet para a escola. Se no caso precisa se comunicar, então levar o celular sem a internet. Até pouco tempo atrás todos viviam sem, por que hoje parece algo tão absurdo proibir o uso?”, questiona.
Sobre os riscos que os aparelhos celulares podem trazer às crianças e adolescentes, Sanira alerta que os perigos estão ligados, principalmente, contra a vida. Conforme a psicóloga, cada vez mais se tem visto casos de suicídio e aumento crescente de pedofilia e introdução de conteúdos impróprios à crianças e adolescentes.
“O importante de se ressaltar é que muitos pais dão celulares aos filhos achando que é uma segurança caso aconteça alguma coisa ou então protegidos dentro de casa com o celular na mão e isso é uma falsa ideia. É necessário acompanhamento constante do uso e conteúdo que está sendo visto”, opinou.
Além disso, também existe a questão emocional e social do uso abusivo de internet. De acordo com a psicóloga, o uso de jogos, aplicativos e redes sociais estimulam pontos neurais viciantes em qualquer idade.
“Imagina em crianças e adolescentes que não têm maturidade suficiente para lidar com isso. O isolamento social e crises de abstinência são consequências do mau uso. A falta de paciência, intolerância e frustração também são sintomas do uso frequente”, concluiu Sanira Logrado.


NA ESCOLA

“Com controle, tecnologia pode ser útil”, diz diretor

Adão Hipólito, diretor da Escola Estadual Daniel Martins de Moura - Foto: Arquivo
Adão Hipólito, diretor da Escola Estadual Daniel Martins de Moura – Foto: Arquivo

Deivid Rodrigues
Da Reportagem

Para o diretor da Escola Estadual Daniel Martins de Moura, na Vila Operária, Adão Hipólito, que conta com uma clientela de 1.200 alunos, que vai desde o 7º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, o celular incomoda a partir do momento em que seu uso atrapalhe a aula.
Conforme o diretor, se por acaso o professor perceber que o celular não está ajudando na aprendizagem, ele deve  comunicar o fato à direção da escola. Adão Hipólito revelou que, em vários casos, ocorreu que quando o aluno é reincidente e se recusa a parar de manusear o aparelho, o professor recolhe o mesmo e posteriormente é devolvido à família. “Geralmente, os pais nos apoiam e também tomam algumas medidas, como retirar  o aparelho dos filhos”, explicou.
Todavia, conforme avalia Adão Hipólito, o celular também pode ser útil para o aprendizado. “Desde que o professor tenha controle sobre essa atividade feita pelos estudantes”, observa o diretor.

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