Dezenas de motoristas de táxis de Rondonópolis fizeram ontem, no começo da tarde, uma manifestação no entorno da prefeitura. Munidos de faixas e cartazes, os manifestantes promoveram um apitaço e um buzinaço para chamar a atenção do prefeito, além de fechar as ruas de acesso ao prédio. Os taxistas exigem do prefeito Zé Carlos do Pátio (PMDB) a retirada, da Câmara Municipal, do Projeto de Lei que disciplina a atividade da categoria na cidade.
O presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Táxis de Rondonópolis (Sincavir), Gerson Eduardo Leite, que representa cerca de 280 profissionais na cidade, repassou que o objetivo da manifestação era pressionar o prefeito para retirar o projeto. “Queremos que o projeto seja melhor analisado em conjunto com a categoria”, diz o sindicalista, acrescentando que os taxistas não foram ouvidos antes da elaboração do projeto.
Conforme Gerson Eduardo, a categoria quer o mesmo tratamento dispensado aos mototaxistas que tiveram um Projeto de Lei apresentado na Câmara Municipal e, por contrariar interesses da classe, acabou retirado para ser decidido em consenso.
Os taxistas afirmam que existem itens e cláusulas contraditórias no atual projeto do Executivo. “Nós queremos resolver de forma amigável e com o consentimento de todos”, externa Gerson.
Além da mobilização, os manifestantes entregaram pessoalmente um abaixo-assinado e um documento (ofício), de duas páginas ao prefeito onde relacionam pelo menos 21 itens (artigos) do projeto que eles afirmam precisar de modificações e até de anulação. “O nosso pedido não é apenas para a retirada do projeto, mas queremos sim participar com o prefeito na confecção da nova lei, de forma justa e amigável, como tem sido sempre a nossa proposta para que não haja prejuízos à categoria e nem à sociedade. Temos muitas sugestões e temos interesse que haja harmonia na lei”, ressalta.
INCOMPATIBILIDADE
Conforme Gerson Leite, o projeto do prefeito prevê a retirada de um motorista auxiliar, o que na opinião dos profissionais, deixariam cerca de 120 pais de famílias desempregados. Conforme o projeto do prefeito, ficariam apenas o permissionário mais um motorista regido pela carga horária da Consolidação das Leis do Trabalho–CLT (oito horas) e, dessa forma, segundo o taxista, se torna impossível e difícil de enquadrar dois motoristas no regime de oito horas cada um. “Isso é incompatível e nós não vemos viabilidade para isso. Nós queremos que o prefeito use o bom senso e a humildade que ele usou com o mototáxi e retire esse projeto para a gente discutir melhor”.
A liberação das ruas interditadas só aconteceu após o término de uma reunião com o prefeito, por volta das 19h (veja box).
Prefeito recebe manifestantes
Por volta das 18h, o prefeito Zé do Pátio recebeu os manifestantes no auditório da prefeitura e também o documento com as reivindicações dos taxistas. Assim que tomou pé da situação, o prefeito adiantou que não iria retirar o projeto da Câmara, mas estava disposto a abrir um diálogo com a categoria e discutir os pontos divergentes.
O peemedebista avalia que o projeto é um avanço para os taxistas e vai beneficiar os profissionais mais antigos com concessões que lhes possibilitarão adquirir veículo próprio, contratar auxiliares e até repassar o ponto (concessão) quando e se assim quiserem. A categoria ficou dividida, mas o prefeito marcou uma nova reunião com representantes dos taxistas para hoje (11), às 7h, na prefeitura, onde vai discutir cada ponto divergente elencado pelos motoristas. O secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Lugli, ficou de abrir a reunião e adiantar o expediente. O prefeito deverá avaliar o assunto e, até o final da tarde, se comprometeu a dar uma resposta à categoria.
O vereador Milton Gomes da Costa, o Miltão, que pediu vistas ao projeto de lei no Legislativo, disse que o projeto não vai a plenário na sessão de hoje, devendo ainda ser discutido mais amplamente com os interessados.
