23.2 C
Rondonópolis
, 24 maio 2024
 
 

“Como é que eu vou saber”?

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

Considerando a história da humanidade, nunca o homem esteve tão bem informado em tão curto espaço de tempo, sobre o que acontece em seu meio e no mundo. Basta acessar um botão para contar com a eficiência do Google que oferece informações para todas as buscas. Em época de Big Brother, nada mais parece ser segredo, tudo pode ser mostrado, sem constrangimentos, banalizando a intimidade.

As revistas Caras e similares mostram o que fazem as celebridades, insinuando um ideal social: estar encaixado no padrão de beleza vigente e ter dinheiro.

Orkut e MSN facilitam o conhecimento virtual dos casais antes do encontro real. Tem-se a ilusão de ganho de tempo, como se a seleção do parceiro pudesse acontecer pela via da análise do currículo, que além de diminuir o risco de decepção, garantiria o laço afetivo.

As pessoas buscam o saber de formas outrora nem pensadas. Retomam filósofos e mitos para explicar, interpretar, analisar, dar sentido. Tudo parece fazer sentido. Mesmo?

Ilusão. Na pós modernidade algo carece de sentido. Insiste em não se deixar domar pelo sentido universal. Continua interrogando, desafiando, surpreendendo, remetendo-nos ao desconforto do não-saber: a sexualidade.

Quando Sigmund Freud percebeu através de suas pacientes histéricas que a sexualidade estava presente desde o início da vida, e ousou apontar isso em encontros com médicos, não conseguiu muito além de colegas escandalizados que lhe negaram crédito.

Mais de cem anos se passaram e os manuais continuam orientando para que, ao se deparar, por exemplo, com comportamentos infantis que remetam à sexualidade, os adultos tenham calma, agindo com naturalidade. Que naturalidade é essa sugerida desde sempre, que não cessa de falhar? O que causa tamanha surpresa em situações ditas normais?

Podemos considerar que o comportamento instintual dos animais seja natural! Trazem no código genético como devem se comportar em todas as situações, do nascimento à morte. Não existe a escolha do parceiro. O macho copula com qualquer fêmea da espécie se ela está no cio.

Assim era o homem, antes da linguagem, como mostra o filme Guerra do Fogo. A partir do momento que ele conseguiu negociar com o mamute, satisfazendo sua fome com o capim, escapando de ser devorado, descobriu que existem trocas, substituições, diferentes satisfações. Daí por diante impossível negar o simbólico. Seu organismo passou a ser um corpo. Elegeu uma mulher para ser a sua. Já não bastava ser fêmea! E a parceira mostrou que também não bastava copular. Ensinou-o produzir o fogo e… O fogo!

No corpo libidinizado, o instinto deu lugar à pulsão. Passou a existir a escolha do objeto sexual. O que faz Joana se apaixonar por Mário que ama Ivone? A sexualidade humana vai muito além do ato sexual. Outras formas de prazer são buscadas desde o nascimento do homem. As respostas universais não atendem perguntas particulares do sujeito.

Cada um goza de forma singular e as teorias sobre a sexualidade só podem auxiliar nas questões do dia a dia com as quais se deparam pais e educadores, quando não se perde de vista a particularidade do desejo humano.

Só o próprio sujeito pode falar de si e de suas questões, buscando a resposta que nunca irá de encontro com a questão do outro.

Ficamos com o Tema de Alice, de Péricles Cavalcanti, cantado por Adriana Calcanhoto: “Se eu não disser nada/como é que eu vou saber/onde fica a entrada/do castelo do querer/qual é a resposta/me diga, então/qual é a pergunta?/se eu não disser nada/como é que eu vou saber/onde fica a chave/do mistério do viver”…

*Psicóloga CRP 14/00435-0

Correspondente da Delegação Geral – MS/MT – Escola Brasileira de Psicanálise Psicoclínica – 66 3421 5684

- PUBLICIDADE -spot_img

1 COMENTÁRIO

  1. Vivemos uma vida rotulada, de pré-requisitos, ou seja, padrões de tietagem, vulgaridade, poder, dinheiro, glamour, portas que se abrem e outras que se fecham dependendo da situação, sexo real e virtual como se fosse o êstase dos altares, desamor próprio, falta de vida espiritual, dependência química na busca insessante pelo algo mais que não existe, sempre mais e mais e no entanto caimos nos fossos e armadilhas da vida e sair dos mesmos se torna um inferno particular e familiar. Entendemos que uma vida mais voltada a Deus seja o caminho para uma vivência pacífica, alegre, sem grandes ambições, com o coração e mente puros, com a valorização das pequenas coisas do dia-a-dia poderemos ser realmente felizes e deixarmos para trás toda essa carga de angústia e incertezas que a vida moderna nos proporciona.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Bolão em Rondonópolis fatura quase R$ 5 milhões na Dupla Sena

Apostadores de um bolão feito em Rondonópolis ganharam o prêmio de R$ 4.838.907,32 ao acertarem seis números da loteria...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img