Em um comunicado curto e objetivo, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, anunciou nesta quinta-feira aos dirigentes das 27 federações estaduais que se licenciou do cargo. Ele informou que a entidade será comandada pelo vice-presidente da Região Sudeste, José Maria Marin, ex-governador de São Paulo.
“A todas as federações filiadas, eu, presidente, informo à vossa senhoria que designei o vice-presidente José Maria Marin para substituir-me interinamente no exercício da presidência da CBF”. O texto foi enviado por e-mail aos dirigentes no fim da tarde desta quinta. Ricardo Teixeira, portanto, não justifica o motivo da decisão, tampouco estabelece o prazo da licença.
Para a maioria dos dirigentes, a saúde do presidente foi determinante. Internado em 2011 com um quadro de diverticulite, Ricardo Teixeira não comparecia à sede da entidade desde a assembleia-geral extraordinária de quarta passada. Ele está em Miami, com a esposa e a filha mais nova.
De acordo com o presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto, o afastamento pode ser por até 180 dias, renováveis por mais 180. “Estudei com minha equipe o estatuto da CBF desde quando começaram a circular informações de que ele deixaria a presidência. Há esta interpretação, graças a uma combinação de artigos”, declarou. Peixoto é advogado e professor de direito penal e prática forense.
“Ele pode ficar fora 180 dias, voltar e exercer o cargo por uma semana ou um mês e depois sair de licença pelo mesmo período”, prosseguiu Peixoto. Para o presidente da Federação Gaúcha, Francisco Novelletto, o prazo máximo da licença também é de seis meses.
Nos dias que antecederam a assembleia, Novelletto liderou um movimento a favor da convocação de eleições em caso de renúncia de Ricardo Teixeira. O grupo formado por sete federações – entre elas, algumas das principais, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná – era contrário à posse de Marin, o vice-presidente mais velho (tem 79 anos), que, de acordo com o estatuto da CBF, era quem deveria assumir.
Os dirigentes não queriam que o poder caísse nas mãos do presidente da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero, padrinho de Marin na CBF. O grupo chegou a ser chamado de “G-7” ou “rebelde” pelos colegas, mas foi contido pela garantia do presidente de que não renunciaria.
Como trata-se de licença e não renúncia, Ricardo Teixeira poderia ter optado por qualquer um dos cinco vices da CBF. Após receber o comunicado, nesta quinta, Novelletto disse que “no momento, não há nada o que fazer”. “Agradar, não agrada a mim ou a ninguém. Mas respeito o direito dele”, declarou, referindo-se à transmissão do cargo para José Maria Marin. O vice da Região Sudeste já assume nesta sexta.
Breaking News