Brasília
A ministra Cármen Lúcia afirmou ontem (10), durante sessão do Supremo Tribunal Federal, que prefere ser chamada de “presidente” do STF em vez de “presidenta”, como fazia questão a presidente da República afastada Dilma Rousseff. Cármen Lúcia sucederá Ricardo Lewandowski na presidência do tribunal a partir de setembro. Em meio a um julgamento ontem, Lewandowski passou a palavra à colega e perguntou: “Concedo a palavra à ministra Cármen Lúcia, nossa presidenta eleita… ou presidente?” “Eu fui estudante e eu sou amante da língua portuguesa. Acho que o cargo é de presidente, não é não?”, respondeu, rindo. “É bom esclarecer desde logo, não é?”, brincou Lewandowski.
DILMA
O termo presidenta foi inaugurado no vocabulário político brasileiro por Dilma, quando ela foi eleita para o primeiro mandato, em 2010. Na ocasião, ela passou a orientar funcionários e assessores para que a chamassem de presidenta. Ao fazer discursos, se referia a si mesma como “presidenta” e também ao mencionar presidentes mulheres de outros países ou instituições. Desde então, os veículos de comunicação oficiais do governo também passaram a chamá-la de “presidenta”. Documentos oficiais também vinham com essa grafia, e os servidores do governo também se referiam a ela como “presidenta”. O termo, costumava dizer a petista, dava ênfase à condição feminina da ocupante do cargo.
ELEIÇÃO
Ontem, os ministros do STF elegeram Cármen Lúcia para o presidência da Corte pelos próximos dois anos. Ela deverá tomar posse no próximo dia 12 de setembro, quando Lewandowski deixa o cargo. Na mesma sessão, foi eleito como vice o ministro Dias Toffoli. Atual vice no STF, Cármen Lúcia será a segunda mulher a comandar a mais alta instância do Judiciário e também o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controle dos tribunais. A primeira mulher presidente foi Ellen Gracie, que ocupou o cargo entre 2006 e 2008.
A eleição nesta quarta formaliza costume da Corte de repassar a presidência, de dois em dois anos, ao ministro mais antigo, num sistema de rodízio. Cármen Lúcia foi eleita com 10 votos favoráveis e um contrário. Também é comum que o ministro que assumirá o a presidência vote em seu vice.