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Em Budapeste, escritor faz viagem em busca de seu duplo

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A literatura e o cinema estão repletos de personagens em busca de seu semelhante, mais conhecido como duplo, ou Doppelgänger, ou seja, é um pretexto para se discutir a identidade do indivíduo. E se existe no mundo um lugar ideal para alguém procurar a sua metade, esse lugar é Budapeste.

Divida em Buda e Peste, cortada pelo rio Danúbio, a cidade é a síntese de um indivíduo separado em duas metades.

No longa Budapeste, baseado no romance homônimo de Chico Buarque, o protagonista, Costa (Leonardo Medeiros, de Feliz Natal), está dividido em dois: vive entre o Rio de Janeiro e Budapeste. Em cada cidade leva uma vida, vive um amor e é perseguido por seus fantasmas e neuroses.

Ele é ghost-writer, ou seja, escreve obras que levam a autoria de outras pessoas que não possuem seu talento e por isso contratam seu trabalho especializado. Seus livros fazem sucesso, mas quem colhe os louros são aqueles cujos nomes estampam a capa da publicação. Ao fazer uma parada por acaso na Hungria, Costa descobre várias surpresas, como o fato de Budapeste ser amarela, “o Húngaro ser a única língua que o diabo respeita” e a bela Kriska (vivida pela atriz húngara Gabriella Hámori).

Deixando de lado o ensolarado Rio de Janeiro e se embrenhando em Budapeste, que é tão bela quanto fria, Costa começa a aprender húngaro e se torna o seu duplo, Kósta. No Rio de Janeiro, ficam sua mulher (Giovanna Antonelli, de Caixa Dois) e o filho pequeno. Numa festa na embaixada brasileira, um algum húngaro comenta que eles são “os cariocas do Leste Europeu” – o que, no final das contas, facilita a vida para o protagonista.

Com roteiro baseado na obra de Chico Buarque (que dá sua benção ao filme com uma pequena participação), assinado pela também produtora Rita Buzzar (Olga), Budapeste é um filme que às vezes se deixa seduzir pela beleza de suas imagens – especialmente pelas da cidade húngara – e se deixa levar por uma verborragia descritiva no discurso em off do protagonista. Mas o que poderia ser um grande problema não atrapalha o andamento da narrativa.

A direção é de Walter Carvalho, um dos mais renomados diretores de fotografia (Lavoura Arcaica, Cleópatra) em atividade no Brasil, que co-dirigiu Cazuza – O Tempo Não Para, com Sandra Werneck, Janela da Alma, com João Jardim, e em solo o documentário Moacir Arte Bruta.

Talvez por isso, Budapeste seja um filme que encontra força nas suas imagens, como a de uma estátua de Lênin descendo o rio Danúbio ou de livros escritos nos corpos de mulheres.

O livro de Chico Buarque, lançado em 2004, lida nas entrelinhas com outra questão: a da metalinguagem. Essa é uma tarefa difícil de transpor para a tela, mas Carvalho e a roteirista encontram uma saída muito interessante que se revela apenas nas últimas imagens do filme.

“Separar uma palavra da outra é como cortar um rio à faca”, comenta Kósta, referindo-se, claro, à Budapeste, mas possivelmente também a si próprio. Afinal, os duplos se complementam e por isso estamos sempre em busca do nosso Doppelgänger.

O filme retrata essa jornada em busca da identidade e mostra que, às vezes, precisamos atravessar um oceano para encontrar o que está dentro de nós mesmos.

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