Apesar de a indústria estar com uma visão otimista para o plantio de soja na próxima temporada (2009/10), o produtor avalia que as questões ambientais são atualmente limitadoras para a safra no Brasil, de acordo com informações divulgadas em seminário nesta semana em São Paulo.
“Não estamos acreditando em crescimento de área. O Brasil tem um problema ambiental muito grande para ser resolvido. Isso não estimula ninguém a aumentar área, ao contrário, penaliza quem expandiu”, declarou o presidente da Aprosoja, Rui Prado.
Há incertezas, em meio às discussõs para a atualização do Código Florestal brasileiro, sobre o tamanho da área nativa das propriedades agrícolas que terá de ser preservada. No passado, a reserva legal na Amazônia era de 50% e, em meados da década passada, foi elevada para 80%.
Muitos produtores, inclusive aqueles que compraram propriedades recentemente com desmatamento acima dos níveis permitidos, também se preocupam com o passivo ambiental que, em tese, eles não formaram, e aguardam uma atualização da legislação.
Tirando a questão ambiental, e sem falar de dificuldades logísticas e de crédito, constantes preocupações para o setor produtivo, Prado afirmou que as condições de mercado são favoráveis.
“O custo de produção diminuiu, o preço está a um valor interessante, remunera. Então achamos que o produtor vai produzir sim, mas não para um aumento expressivo de área.”
A área plantada em 2008/09 cresceu apenas 2%, para 21,7 milhões de hectares, segundo o Ministério da Agricultura, o que resultou em uma produção de 57,1 milhões de t.
Mas o Brasil já plantou até 23,3 milhões de hectares, como ocorreu em 2004/05, quando o país teve um plantio recorde, segundo o ministério.
Prado afirmou ainda que o sojicultor de Mato Grosso, o principal produtor nacional, já comprou, por meio de trocas de produto por insumos, aproximadamente 80% de suas necessidades, em termos de adubo, defensivos e sementes para 09/10.
Ele revelou também que “metade das compras foi feita com entrega de produto (disponível) e a outra metade com produto para entregar” após a colheita da safra 09/10 – nessa segunda modalidade, o agricultor faz o que se chama de venda antecipada da safra.
“Ela dá uma segurança maior, mas pode limitar lucros, se houver uma explosão de preços”, acrescentou.