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Safra 19/20 marcada por incertezas e cautela

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Propriedade em Rondonópolis decidiu fazer a transferência de uma parte da área de soja para a pecuária

 

Os preparativos para a safra 2019/2020 de soja já estão encaminhados em Mato Grosso, mas as incertezas ainda pairam no setor. Uma das grandes preocupações do segmento é a escalada do aumento do custo de produção, aliado a variáveis ainda incertas do mercado.
Atuando há 50 anos na agricultura, sendo 43 deles em Rondonópolis, o casal de agricultores Carmen Clarice e Airto Schneider já viveu os mais variados altos e baixos do setor. E a próxima safra, apesar de não ser projetada pela crise, vem sendo encarada com preocupação e cautela.

Carmen e Airto já estão preparados para o cultivo da soja desta próxima safra, mas com diminuição de área. Eles já estão com os pedidos de insumos todos efetivados, seja de adubos, sementes, defensivos, entre outros. Nesta temporada, decidiram fazer a transferência de uma parte da área de soja para a pecuária.

Conforme Carmen, a decisão pela transferência de área para a pecuária se deve a fatores como as dificuldades enfrentadas no mercado da soja e a busca da diversificação da propriedade, com um melhor aproveitamento de terras com menos produtividade. “O mercado de soja não está com um valor agregado bom para cobrir os custos, que subiram muito”, explica.

 

Em sua propriedade em Rondonópolis, Carmen Schneider, o agrônomo João Batista e esposa Katia, e o seu filho Everton

 

A inserção da pecuária na propriedade também ajuda a acabar com o ciclo de pragas e doenças nas lavouras. No caso da sua propriedade, Carmen conta que trabalha com o ciclo completo da pecuária bovina, com cria, recria e engorda. “A gente sempre quer desenvolver nossa atividade com cautela, mas de forma muito bem-feita”, analisa.

Nesse começo de junho, geravam apreensão a alta dos custos de produção, a reação do mercado em relação à Reforma da Previdência, ao anúncio do novo Plano Safra e ao aparecimento de um caso atípico do mal da vaca louca em Mato Grosso. “Vejo que todo mundo está vendo esse cenário com preocupação e cautela”, afirmou Carmen.

Os Schneider ainda enfatizam a importância de um Plano Safra, garantido pelo Governo Federal, condizente com as necessidades do setor, já que nem todos os produtores têm o dinheiro necessário para desenvolver a produção. “Apesar de tudo, nós damos graças a Deus por nosso trabalho, por ter conseguido educar os filhos e poder continuar nessa atividade, correndo riscos, mas buscando sempre o equilíbrio”, enfatiza Carmen.

 

“Esta será uma safra bastante dificultosa!”

Com custos de produção subindo muito, em torno de 10% a 15% em dólar, e um mercado de venda da produção abaixo do verificado no ano passado, com preços em torno de 10% a 15% menores, a safra 2019/20 de soja tende a ser bastante dificultosa, segundo avaliação da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).

O presidente da Aprosoja-MT, Antônio Galvan, avalia que existe uma expectativa bastante frustrante por parte do produtor rural e que a perspectiva da nova safra não está boa. Ele observa ainda que o setor vê com preocupação o cenário mundial, a exemplo da relação comercial entre China e Estado Unidos, dos estoques de soja dos norte-americanos e do andamento do plantio da safra deles, até então com excesso de chuva.

Presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Antônio Galvan: “O que a gente tem recomendado muito aos produtores é cautela nesse momento”

Outra preocupação dos produtores mato-grossenses é com a indefinição do Governo Federal em relação à fixação da tabela de fretes, que tem onerado muito a produção. “O que a gente tem recomendado muito aos produtores é cautela nesse momento. Quando surgir algo no mercado de venda futura, no qual o produtor veja cobertura dos custos de produção e garantia de renda mínima, que possa ir fechando negócios”, orientou Galvan.

O gestor técnico do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, avalia, por sua vez, que o mercado para próxima safra de soja é marcado pela incerteza. “O cenário tem deixado o produtor apreensivo, principalmente devido ao aumento dos custos e dos preços que não subiram na mesma proporção”, aponta.

Entre os itens que alavancaram o aumento no custo de produção, Cleiton enumera principalmente os macronutrientes e defensivos, em função da valorização do dólar e pela indexação desses produtos em dólar. Os custos variáveis de produção, como fertilizantes, defensivos e transporte, tiveram uma alta de 9,7% em relação à safra passada.

Segundo dados do Imea, os custos fixos de produção, como depreciação de máquinas e manutenção de benfeitorias, por sua vez, tiveram aumento de 16,7%. Agora o custo operacional, que é a soma dos custos variáveis e dos fixos, chegam a registrar uma alta de 10,4% em relação à temporada passada.

Quanto ao mercado de preços, Cleiton atesta que não está tão animador, considerando os contratos futuros e a relação de troca (custos divididos por produtividade). “Vejo a necessidade de cautela, que os produtores façam a análise dos próprios custos, verifiquem o seu ponto de equilíbrio e façam uma estratégia de comercialização”, recomenda.

 

Apesar dos pesares, projeção é de aumento de área

Conforme os primeiros números da próxima safra, divulgados neste mês pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as projeções são de um pequeno aumento de área plantada com a oleaginosa, mas nada expressivo.

De acordo com o instituto, a área total a ser semeada no Estado ficará em aproximadamente 9,72 milhões de hectares, representando um aumento de 0,59% quando comparada com a área da safra 18/19, sendo o menor avanço já registrado na série histórica.

Gestor técnico do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer: “O cenário tem deixado o produtor apreensivo, principalmente devido ao aumento dos custos”

“Este pequeno aumento pode ser pautado pela posição mais cautelosa dos produtores, visto que a cotação da oleaginosa segue se recuperando após forte queda em abril e maio, em conjunto com as incertezas da guerra comercial sino-americana”, consta no relatório.

Em relação à produtividade, esta foi projetada em 56,28 sc/ha, uma evolução de 0,43% em comparação à da safra anterior. Assim, apesar do menor crescimento, a produção no Estado foi estimada em 32,83 milhões de toneladas, ficando 1,02% acima da safra anterior.

Ao observar de forma regional a primeira estimativa de soja para a safra 19/20, a equipe do Imea repassou que pode-se notar que quatro das sete regiões do Estado têm uma expectativa de rendimento maior que a da última safra. Dentre elas, pode-se destacar a região centro-sul, que teve a maior variação, com 1,65%, e produtividade estimada em 55,3 sc/ha.

Já entre as regiões com as maiores produtividades projetadas, pode-se destacar a norte e a médio-norte, com 57,1 sc/ha e 57,0 sc/ha, respectivamente. Cabe ressaltar que a região norte foi a que obteve a maior média do Estado na safra anterior e, mesmo com o menor rendimento na safra 19/20, se mantém na liderança no quesito.

Em nível estadual, a produtividade foi estimada em 56,28 sc/ha, o que a configura como a segunda maior da série histórica. “Contudo, cabe salientar que esta primeira projeção representa o sentimento inicial do mercado, podendo assim ter alterações até a conclusão da colheita”, afirma o levantamento do Imea.

 

As projeções são de um pequeno aumento de área plantada com soja na safra 2019/20

Agora, analisando a comercialização, o órgão relata uma recuperação das cotações da soja na bolsa CME-Chicago, aumento dos prêmios portuários, e também pelo dólar, refletindo na valorização do grão no mercado mato-grossense. Essa recuperação nas cotações também repercutiu na comercialização da safra 19/20, que alcançou 19,54% do volume negociado nessa primeira semana de junho.

 

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