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Fábrica de celulose: O projeto que tende a mudar a economia de uma região

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Fábrica deve se configurar como o maior investimento privado a ser efetivado em Mato Grosso (Foto: Divulgação)

 

Com a economia em retração nos últimos anos, o projeto de consolidação de uma grande fábrica de celulose volta a trazer ânimo para os moradores da região do município de Alto Araguaia (MT), a cerca de 205 quilômetros de distância de Rondonópolis. O projeto prevê o aporte de US$ 3,4 bilhões apenas na construção da fábrica, o que deve se configurar como o maior investimento privado a ser efetivado em Mato Grosso.

Os números projetados por esse novo investimento são impressionantes. A empresa Euca Energy pretende concretizar em Alto Araguaia a maior fábrica em linha contínua de celulose do mundo, com produção de 2 milhões de toneladas de celulose por ano. A fase de construção almeja chegar a picos de contratação de 8 mil pessoas. A operação da fábrica prevê a geração de 1.200 empregos diretos, além de 3.200 empregos diretos na área florestal. Contudo, vale observar que, na silvicultura, calcula-se que para cada emprego direto haja outros 10 indiretos.

 

O começo das florestas plantadas na nossa região

O setor de florestas plantadas hoje passa desapercebido na economia de Mato Grosso. Atualmente destacam-se a produção de eucalipto, na região de Rondonópolis e Alto Araguaia, e de teca, na região oeste e norte do Estado. No caso do eucalipto, na verdade, há uma superoferta de madeira no Estado.

As regiões de Rondonópolis e de Alto Araguaia se destacam na produção de eucalipto em Mato Grosso (Foto: Divulgação)

 

Um dos problemas é que onde está havendo um crescimento da demanda por madeira de eucalipto, no caso no médio norte do Estado, em função dos altos investimentos em usinas de etanol de milho, não há muito plantio de floresta com esse viés. Já na região de Rondonópolis e Alto Araguaia, o setor enfrenta um problema: a demanda de madeira é menor do que a oferta.

Um dos precursores no plantio de floresta plantada na região de Rondonópolis foi o produtor Gilberto Goellner, que hoje tem cerca de 7 mil hectares, e na região de Alto Araguaia o produtor José Marcos de Andrade, que tem hoje cerca de 12 mil hectares. E o plantio foi fomentado com a necessidade de alimentar as caldeiras das fábricas que iam se instalando nas cidades, principalmente grandes esmagadoras de soja.

O eucalipto também surgiu com uma forma de ocupação de áreas degradadas ou de pastagens de baixo valor agregado. Contudo, apesar das oportunidades iniciais, com o tempo, esse plantio foi crescendo e chegou ao ponto da produção ficar maior do que a demanda existente, gerando um problema a ser resolvido. Estima-se que a área plantada com eucalipto na região perfaça cerca de 35 mil hectares.

Nesse meio tempo, os produtores dessa cultura tiveram a ideia de se unir e formaram a Cooperflora, em 2011, uma cooperativa que surgiu com a intenção de propiciar melhorias técnicas, maior integração, melhorar a produção e a produtividade, promover discussões e desenvolver o mercado. Além disso, a cooperativa também foi uma forma de buscar redução de impostos, melhorar a organização e a capacidade de negociação.

A Cooperflora tem 54 produtores associados nos estados de Mato Grosso e de Goiás. O maior benefício gerado foi agregar valor à produção. Ainda assim, o problema de superoferta de madeira na região de Rondonópolis e Alto Araguaia continuou. Da mesma forma, persistiu a busca de novos mercados para a produção.

 

A alavancada do setor de florestas plantadas na região

Com superoferta de madeira, preços não tão adequados para o investidor e com necessidade de encontrar novos mercados, os produtores de florestas plantadas na região passaram a enfrentar um novo desafio: o de viabilizar a atividade e o seu futuro no Estado. Com isso, começaram a ser feitos estudos com foco na viabilidade dessa produção.

O produtor Gilberto Goellner deu o pontapé nos estudos com o objetivo de encontrar novos mercados para a produção de florestas plantadas na região. Assim, começaram as visitas e buscas em torno de experiências diversas em outros estados e países, avaliando outras cadeias de negócios com o eucalipto.

O diretor de planejamento estratégico da empresa Euca Energy, Marcelo Ambrogi, lembra que foi pesquisado o setor de madeira serrada, no sul da Bahia, para produção de móveis, construção civil e exportação; de madeira compensada e pinos de eucalipto, no Uruguai; além de estudo na área de geração de energia elétrica baseada na produção de cavacos. Em paralelo, foram estudadas as condições regionais e o mercado regional.

A empresa Poyry Tecnologia, que atua na área de consultoria e engenharia, concluiu que a região de Alto Araguaia possui um potencial muito bom para a produção de celulose, o que permitiria obter boa classificação dentro das empresas de menor custo de produção, viabilizando um dos maiores e melhores projetos nesse segmento do mundo. Assim, as análises e estudos concluíram que uma fábrica de celulose seria a melhor alternativa para a cultura, se constituindo no maior e melhor negócio que o Brasil possui em termos de silvicultura.

 

A consolidação do projeto da fábrica de celulose na região

As análises em torno da viabilidade de uma fábrica de celulose em Mato Grosso começaram ainda em 2013. Os trabalhos também incluíram viagens a vários países da Ásia e Europa, com foco na receptividade do projeto junto a possíveis investidores.

 

Marcelo Ambrogi, Gilberto Goellner, Kleib Henrique, José Marcos e Vanderson Fernandes, que estão atuando no projeto da fábrica de celulose em Alto Araguaia (Foto: Divulgação)

 

Com os bons resultados, houve então uma preocupação em contratar uma empresa de consultoria, para confecção de um projeto detalhado do novo investimento. A partir dos estudos de viabilidade concluídos, houve a decisão pela constituição da Euca Energy, a empresa a desenvolver e consolidar o projeto da indústria de celulose, que tem como fundador e CEO o produtor rural e empresário Gilberto Goellner, baseado em Rondonópolis. O engenheiro José Marcos, de Alto Araguaia, é mais um sócio da empresa.

Comparado com outras iniciativas, a Euca Energy, segundo os idealizadores, está entre os três principais projetos na área de celulose do Brasil. “O estudo de viabilidade nos colocou entre os melhores projetos em relação a custo no mundo. Entre os últimos projetos, em relação a custo, o nosso será o mais baixo”, atesta o diretor de planejamento estratégico, Marcelo Ambrogi.

Para erguer a unidade fabril apontada como a maior do mundo em linha contínua, a Euca Energy decidiu contratar um banco de investimento americano, o Morgan Stanley, objetivando fazer a busca do aporte de investidores estratégicos nacionais e internacionais. Através da captação de investidores estratégicos, que já atuam no setor e fazem aporte de recursos, é que o projeto deve ser consolidado.

E a receptividade em torno do projeto está sendo muito positiva, segundo os idealizadores. Na primeira fase, conforme a Euca Energy, houve cerca de 30 empresas interessadas de todo o mundo nesse projeto mato-grossense. Isso porque, segundo o repassado, a cada dois anos o mercado internacional precisa de 2,2 milhões de toneladas de celulose. “Então, nosso projeto está focado em uma janela de mercado, porque as fábricas entram e cobrem uma demanda de mercado futuro. Nesse projeto, estamos focando uma janela de mercado que estará aberta entre 2021 e 2022”, argumenta Marcelo Ambrogi.

 

Os ganhos da região com um investimento expressivo

Inicialmente, a fábrica de celulose a ser instalada em Alto Araguaia pretende comprar madeira para efetivar sua operação e, em paralelo, começar a plantar em áreas próprias e arrendadas. Há a intenção ainda de desenvolver um programa de fomento ao plantio, voltado para pequenos produtores, com transferência de tecnologia. A estimativa é que a unidade conte com 60% de plantio próprio, 35% de plantio de parceiros e 5% através de fomento ao plantio.

 

Investimento deve gerar impostos e movimentação da economia regional, principalmente da cidade de Alto Araguaia

 

A fábrica, quando em atividade, deve demandar 182 mil hectares de florestas plantadas. Além da expansão da silvicultura na região, com fomento ao negócio de aquisição de terras, o investimento deve representar geração de impostos e movimentação da economia regional, principalmente da cidade de Alto Araguaia. Toda a produção será voltada para exportação, principalmente para a Ásia.

A escolha de Alto Araguaia para sediar o projeto não foi em vão. Conforme os estudos realizados, a cidade apresenta disponibilidade de terras mais baratas, com condições próprias para produção de eucalipto. Ao todo, dez locais foram estudados para sediar o projeto. Alto Araguaia também oferece vantagem logística, com proximidade do terminal ferroviário da cidade, conexão com linha elétrica, no caso a Subestação da Usina Couto Magalhães, e captação de água, perto do Rio Araguaia. Além de tudo, possibilita expansão da unidade fabril, podendo até duplicar a produção. Segundo o estudo, o solo e o clima da cidade mato-grossense são melhores do que em Três Lagoas (MS), atualmente um grande centro produtor de celulose. Com o terminal ferroviário a 20 quilômetros de distância, há negociações para que futuramente haja um ramal ferroviário até a fábrica.

Segundo os diretores da Euca Energy, o projeto de Alto Araguaia não tem volta. No momento, aguarda apenas a licença ambiental para o começo da construção. Nesse sentido, já deu início com o EIA-RIMA junto ao Governo do Estado, necessitando da liberação, num primeiro momento, da Licença Prévia pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente. O objetivo é que em dezembro de 2021 a fábrica possa entrar em operação, devendo começar a construção da unidade no final deste ano ou início de 2020.

Diante de números superlativos, a primeira fábrica de celulose de Mato Grosso é vista com uma redenção econômica para Alto Araguaia, que vive um momento muito complicado. A empresa também já articula a expansão dos serviços do Sesi/Senai no município com uma estrutura para preparar a mão-de-obra necessária. Até a cidade de Rondonópolis, por ser o polo regional mais próximo, será beneficiada indiretamente com esse projeto, com o fornecimento de serviços, de mão-de-obra e também uso do Aeroporto Municipal “Maestro Marinho Franco”.

 

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