“Legado” é uma das palavras mais presentes em qualquer discussão sobre as obras que o Brasil teve de fazer para receber a Copa do Mundo de 2014. Sobretudo se você estiver em Cuiabá. A cidade do Mato Grosso investiu muito num plano de revitalização urbana para o evento esportivo, mas não entregou a maioria das obras. Entre os sonhos ousados e a realidade conturbada, até o uso futuro de um ginásio de artes marciais virou motivo para polêmica.
O Palácio das Artes Marciais é parte das estruturas complementares da Copa do Mundo. Para usá-lo, a Secopa-MT se comprometeu a fazer ali uma reforma de R$ 2,5 milhões, com início previsto para outubro deste ano.
“Essa reforma já foi sancionada, mas nós temos certeza de que não vai acontecer. Por tudo que nos falaram, não vai sair do papel. Contratamos um arquiteto e fizemos um projeto de reforma, mas estão falando que vão privatizar o ginásio”, disse Francisco Fernandes Júnior, o Chiquinho de Cuiabá, vice-presidente da FMTJJA (Federação Mato-Grossense de Jiu-Jitsu e Lutas Associadas).
Oficialmente, a Secopa-MT contesta essa versão e diz que a reforma do ginásio está dentro do cronograma da entidade. Durante a Copa, o local tem sido usado como refeitório para voluntários e apoio a patrocinadores.
Com capacidade para 2 mil espectadores, o Palácio das Artes Marciais tem quatro vestiários e espaço para alojar até 60 pessoas. O equipamento foi concedido às federações de lutas de Cuiabá em 2006.
A proposta de reforma para o espaço inclui criação de estacionamento e praça de lazer, ampliação das arquibancadas e climatização. Em março de 2014, segundo o site “24 Horas News”, o secretário-geral da Secopa-MT, Maurício Guimarães, disse que o projeto de revitalização custaria R$ 4 milhões, teria início em abril e seria concluído em 60 dias.
Cuiabá gastou mais de R$ 36 milhões com estruturas complementares para a Copa do Mundo. Esse montante também contempla a instalação de espaços provisórios para receptivo e ações de patrocinadores no entorno da Arena Pantanal.
CT “ESTREIA” NA COPA DO MUNDO
Uma das partes mais problemáticas da preparação de Cuiabá para receber a Copa do Mundo será usada pela primeira vez nesta sexta-feira. A Coreia do Sul confirmou que fará um treino no COT (centro oficial de treinamento) da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).
O local, cuja obra estava orçada em R$ 15,8 milhões, deveria ter sido concluído em 31 de maio de 2014. No entanto, a obra está longe de ser encerrada, e funcionários tem trabalhado no local mesmo depois do início da Copa do Mundo.
Antes do primeiro jogo da Copa em Cuiabá, Chile e Austrália decidiram não usar o espaço. As duas seleções chegaram à cidade mato-grossense na véspera da partida e fizeram apenas reconhecimento de gramado da Arena Pantanal.
Segundo a Secopa-MT, a decisão dos times não tem a ver com o atraso nas obras do COT da UFMT. A programação da Austrália já havia sido montada dessa forma, por exemplo.
O COT da UFMT segue em obras, mas ainda está em situação melhor do que o centro de treinamento da Barra do Pari. Com custo estimado de R$ 26 milhões, o espaço foi entregue à Fifa com menos de 70% de obras concluídas. A entidade vetou o uso do local no início da Copa do Mundo.
