CIDADE DO VATICANO – O que dar para um bebê que tem tudo e que um dia poderá ser? O Papa Francisco resolveu esse problema com um globo de lápis lazuli, com uma cruz de prata de Santo Eduardo – conhecido como Eduardo, o Confessor, penúltimo rei saxão da Inglaterra – e que foi oferecido à rainha Elizabeth II durante sua visita nesta quinta-feira ao Vaticano como um presente ao pequeno príncipe George.
Apesar da expectativa de que o 32º aniversário da Guerra das Malvinas pudesse lançar uma sombra sobre o encontro, a reunião entre o Papa argentino e a rainha da Inglaterra transcorreu em clima amigável e não houve relato de que o assunto tenha vindo à tona, segundo o Vaticano.
Apesar do presente do Papa não ser o mais adequado ao bebê, de apenas oito meses, a líder da realeza brincou com o Pontífice.
– Ele vai ficar encantado – disse, fazendo uma pausa e acrescentando: – Quando for um pouco mais velho.
Ao duque de Edimburgo, marido da rainha, Francisco deu medalhas papais de ouro, prata e bronze. Por sua vez, a soberana entregou ao Papa – que é um confesso fã de culinária – uma cesta com comidas e bebidas produzidas nas propriedades da família real. Entre os itens escolhidos, havia uma dúzia de ovos, uma garrafa de uísque e mel produzido nos jardins do Palácio de Buckingham. Um funcionário do Vaticano disse que o Pontífice “provavelmente dividiria os presentes” com outros cardeais da casa de hóspedes onde mora.
Protocolo reduzido devido à idade da rainha
De vestido e chapéu lilás, Elizabeth II, de 87 anos, chegou a Roma acompanhada pelo príncipe Philip. Ela foi saudada por um grupo de pessoas que esperavam sua passagem pela Avenida da Conciliação, que leva à Praça de São Pedro, no Vaticano.
O protocolo foi reduzido, devido à idade da rainha, e o encontro foi realizado em um salão anexo à moderna sala de audiências Paulo VI, e não no Palácio Apostólico, para facilitar o acesso da soberana.
– A vontade de ambas as partes é que se trate de um encontro informal, familiar – disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Durante seu longo reinado, Elizabeth II visitou o Vaticano duas vezes, para se reunir com João XXIII em 1961, e com João Paulo II em 2000. Mais cedo, a rainha foi recebida pelo presidente da Itália, Giorgio Napolitano, no Palácio Quirinale.
É pouco provável que a disputa entre o Reino Unido e a Argentina pelas ilhas tenha entrado na pauta do primeiro encontro entre a rainha britânica e o Pontífice argentino, mas o conflito paira como um pano de fundo na reunião.
A Guerra das Malvinas começou em 2 de abril de 1982, com o desembarque das tropas argentinas no arquipélago. Durante o conflito, morreram 255 britânicos e 649 argentinos, além de três moradores das ilhas. Mais de 1.300 soldados ficaram feridos ou mutilados.
Há duas semanas, o Papa recebeu um grupo de ex-combatentes argentinos. Em 2012, o então cardeal Jorge Mario Bergoglio afirmou que as Malvinas eram “um território usurpado”. Agora, como Pontífice, o mais provável é que mantenha a posição de neutralidade da Santa Sé.