SÃO PAULO – O dólar comercial se mantém em alta desde a abertura frente ao real, pelo segundo dia consecutivo, e às 16h09m subia 0,61%, sendo negociado a R$ 2,282 na compra e R$ 2,284 na venda. Na mínima do dia, a moeda americana foi negociada a R$ 2,274 (alta de 0,17%) e na máxima subiu até R$ 2,289 (alta de 0,83%). No exterior, o dólar também sobe frente a divisas de países ligados a commodities na véspera da divulgação de um novo relatório de emprego nos EUA. Se os números mostrarem recuperação, o dólar tende a se valorizar.
Hoje, um indicador mostrou que a atividade do setor de serviços nos Estados Unidos subiu pelo 50º mês consecutivo, de acordo com o Instituto para Gestão de Oferta (ISM). O índice alcançou 53,1 em março, após ficar em 51,6 em fevereiro. Analistas esperavam um índice de 53,5.
Por aqui, o Banco Central deu continuidade hoje a seu programa de intervenções diárias e vendeu mais 4 mil novos contratos de swap cambial tradicional, numa operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. O BC vendeu US$ 197,8 milhões no leilão. A autoridade monetária ainda não anunciou a rolagem dos contratos que vencem em maio, o que gera certa expectativa no mercado.
Ontem o dólar fechou em alta, depois de informações divulgadas pelo Banco Central mostrando que na última semana, de 24 a 28 de março, o fluxo cambial foi negativo em US$ 2,738 bilhões, sendo US$ 2,001 bilhões na ponta financeira e US$ 737,0 milhões na conta comercial. O superávit do fluxo no mês caiu a US$ 2,731 bilhões e no ano está em US$ 2,485 bilhões.
Bolsa: expectativa com pesquisa eleitoral está no radar
O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, alternou períodos de alta e baixa pouco depois da abertura, mas acabou se fixando no campo negativo, acompanhando os mercados americanos. Às 16h09m, o índice caía 1,04% aos 51.165 pontos e volume negociado de R$ 5,6 bilhões. Ontem a Bolsa subiu mais de 2% com o mercado antecipando uma possível queda de intenções de voto na presidente Dilma Rousseff na pesquisa do Datafolha que sai no fim de semana. As ações de estatais, que dispararam ontem, hoje devolvem os ganhos.
– Hoje o dia é tipicamente de realização de lucros, não só da alta de ontem (2,8%), mas do mês de março, quando o índice subiu 7,04%. O mercado agora vai acompanhar com lupa as pesquisas eleitorais. Um sinal de mudança na atual política econômica é bem visto pelo mercado, mesmo que a presidente Dilma vença a eleição – diz João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos.
Ontem, os papéis da Petrobras subiram mais de 4% no rastro da pesquisa. Hoje, esses papéis recuam e pesam sobre o Ibovespa. As ações ordinárias (com direito a voto) caem 1,25% a R$ 14,94. Já as preferenciais (sem direito a voto) recuam 1,92% a R$ 15,26.
Também pesa sobre o índice a queda de 1,70% a R$ 34,65 das ações preferenciais do Itaú Unibanco, que ontem subiram mais de 3% após o banco ganhar o maior peso na nova carteira teórica do Ibovespa. As ações da Vale sobem 0,37% a R$ 29,47, com notícias de estímulos à economia na China.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 11%, também está sendo avaliada pelo mercado. Em nota, o Itaú Unibanco avalia que o comunicado divulgado pelo Banco Central sinaliza a intenção de encerrar o ciclo de aperto monetário em breve. Isso é benéfico para a Bolsa.
– De certa forma, o mercado foi surpreendido pela sinalização do Copom de que o atual ciclo de alta de juro deve ser encerrado em breve, mesmo com a inflação ainda se mantendo acima do centro da meta (4,5%) – diz Brugger, da Leme.
A maior alta na Bolsa é apresentada pelos papéis preferenciais da Gol, com ganho de 5,56% a R$ 12,35, enquanto os papéis ordinários da Cyrela recuam 5,21% a R$ 13,28, a maior baixa do índice.
China: governo anuncia medidas de estímulo à economia
No exterior, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da atividade do setor de serviços da China calculado pelo instituto de pesquisas Markit Economics em parceria com o banco HSBC subiu de 51pontos para 51,9 pontos em março. Já o PMI de serviços calculado por uma agência do governo chinês caiu de 53,8 pontos para 52,8 pontos no mesmo mês.
Ainda na China, o governo anunciou uma série de medidas para estimular o crescimento da economia, via investimentos em infraestrutura e construção civil, depois que uma série de indicadores mais fracos aumentou as preocupações de que o crescimento da economia no primeiro trimestre do ano poderá ficar abaixo da meta.
– As notícias de estímulos monetários e fiscais na China já vinham sendo esperadas pelo mercado e em certa medida sendo colocadas nos preços dos ativos nos últimos dias. Ainda assim, essa é uma notícia positiva especialmente para mineradoras – avalia o analista William Alves, da XP Investimentos.
