20 C
Rondonópolis
, 14 maio 2024
 
 

Em Ruanda, críticas veladas à França – 09h34′

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

KIGALI – Em seu discurso durante a cerimônia que marca os 20 anos do genocídio em Ruanda, o presidente Paul Kagame, no poder no país desde 2000, fez críticas veladas à França, que teve a participação suspensa na cerimônia. Kagame acusa França e Bélgica de “terem participação direta na preparação e execução do genocídio”.

– A passagem do tempo não deve obscurecer os fatos, diminuir a responsabilidade ou transformar as vítimas em vilões. As pessoas não podem ser subornadas ou forçadas a mudar sua história, e não há nenhum país suficientemente poderoso, inclusive quando acreditam que são, para mudar os fatos. Afinal de contas, os fatos são teimosos – completou Kageme, com a última frase falada em francês, o que provocou muitos aplausos no estádio Amahoro, na capita ruandesa. – Nada pode mudar o que aconteceu.

Em 2004, durante o aniversário de dez anos do massacre, a delegação francesa reduziu seua visita depois que Kagame, em seu discurso, criticou “a cara-de-pau dos franceses que vêm aqui sem pedir perdão”. Na época do massacre, a França era aliada do governo extremista hutu, responsável pelo genocídio.

Já a Bélgica, antiga potência colonial de Ruanda, afirmou que participará da cerimônia, mas rechaçou as acusações de Kagame.

– Recordaremos a memória das vítimas e de suas famílias, mas não prestaremos nenhuma homenagem ao governo atual do país – declarou o ministro belga das Relações Exteriores, Didier Reynders.

Ruanda inicia nesta segunda-feira uma semana de homenagens pelo 20º aniversário do genocídio que deixou pelo menos 800 mil mortos durante três meses de 1994. Mas a data se revela também um teste tanto interno quanto diplomático para o país, cujas relações com aliados ocidentais se deterioraram recentemente. E apesar da recuperação econômica, especialistas acreditam que a reconciliação nacional ainda esteja distante.

Uma Marcha da Lembrança, um serviço fúnebre e uma chama no Memorial do Genocidio de Gisozi, em Kigali, marcam nesta segunda o início de um luto de cem dias pela data. Para acender a chama foi destacado o próprio presidente Paul Kagame, que em julho de 1994 tomou a capital à frente de uma rebelião de maioria tutsi, pondo fim ao genocídio realizado pelos hutus.

Meses antes, a derrubada do avião do presidente Juvénal Habyarimana, em 7 de abril de 1994, desencadeou a matança por extremistas hutus, que começaram a matar tutsis e pessoas ligadas a eles.

Vinte anos depois, além do desafio interno, Ruanda enfrenta também um diplomático. Nos últimos meses, o país recebeu críticas por um suposto papel desestabilizador na República Democrática do Congo e pela suspeita de envolvimento no assassinato de dissidentes ruandenses na África do Sul.

Com o afastamento de antigos aliados, há uma grande expectativa sobre quem os países enviarão para representá-los. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou nesta segunda-feira, durante o 20º aniversário do genocído em Ruanda, que o fantasma do incidente ainda lhe causa vergonha.

– O genocídio ruandês foi um fracasso terrível da comunidade internacional. Continuo sentindo vergonha, 20 anos depois, pelo fato da ONU não ter conseguido impedir o massacre – disse o secretário-geral. – Deveríamos ter feito muito mais. As tropas da Nações Unidas foram retiradas quando eram mais necessárias.

A delegação americana será liderada por sua representante na ONU, Samantha Power, e incluirá vários diplomatas de alto nível, como a secretária de Estado para os Assuntos Africanos, Linda Thomas-Greenfield. A Bélgica enviará o vice-premier e ministro das Relações Exteriores, Didier Reynders, e o ministro da Cooperação e Desenvolvimento, Jean-Pascal Labille.

Pelo Reino Unido irão o chanceler William Hague, e o ministro para a África, Mark Simmonds. Já a África do Sul, em plena crise diplomática com Ruanda, será representada apenas pelo seu embaixador em Kigali.

- PUBLICIDADE -spot_img

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Antigo Seriema: Observatório Social aciona o MP

O Observatório Social de Rondonópolis (OSR) acionou o Ministério Público Estadual (MPE) para cobrar respostas da prefeitura sobre a...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img