KIEV – Após um dia de trégua, quatro pessoas foram mortas em tiroteio no leste da Ucrânia neste domingo, em um ataque a um posto de controle ocupado por separatistas pró-russos próximo à cidade de Slaviansk, na região de Donetsk. Três militantes e um dos atacantes pró-russo morreram após o confronto em uma barreira montada por separatistas na vila de Bilbasivka, cerca de 18 km a oeste de Slaviansk. Ativistas decretaram toque de recolher na cidade.
Moscou reagiu rapidamente ao incidente, atribuído ao grupo paramilitar nacionalista ucraniano Pravy Sektor. O incidente acontece três dias depois da assinatura de um acordo em Genebra entre russos, ucranianos e países do Ocidente, com o objetivo de aliviar a tensão na crise ucraniana.
“A Rússia está indignada com esta provocação que mostra a falta de vontade das autoridades de Kiev para desarmar os nacionalistas”, disse o ministério em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo. “É espantoso que esta tragédia tenha acontecido depois da assinatura, em 17 de abril, do acordo de Genebra”.
O Ministério do Interior da Ucrânia confirmou um morto e três feridos.
Papa pede paz
Após as mortes, o Papa Francisco pediu à comunidade internacional que impeça a violência na Ucrânia, onde a tensão aumentou em missa celebrada neste domingo de Páscoa.
– Te pedimos que ilumines e inspires iniciativas de paz pelos esforços na Ucrânia, para que todas as partes envolvidas, apoiadas pela comunidade internacional, realizem todos os esforços para impedir a violência e construir, com seu espírito de unidade e diálogo, o futuro do país – disse o Pontífice na basílica de São Pedro.
No sábado, um mediador do corpo de segurança da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) foi enviado para a Ucrânia para intermediar a rendição de separatistas pró-Rússia com o governo de Kiev. Homens armados ocupam edifícios públicos em Donetsk e outras cidades fronteiriças de língua russa e se recusam a reconhecer um acordo firmado em Genebra na quinta-feira. Nele, Rússia, Ucrânia, EUA e aliados de Kiev concordaram que a OSCE deve supervisionar o desarmamento dos militantes e a evacuação de instalações ocupadas.
Os próximos dias devem determinar se a agitação após a derrubada do presidente da Ucrânia pró-Moscou pode ser contida. A Rússia, que anexou a Crimeia no mês passado, na pior crise do Leste-Oeste desde a Guerra Fria, nega incentivo aos separatistas ou que esteja planejando invadir a Ucrânia. As potências ocidentais ameaçaram mais sanções econômicas se Moscou não convencer os militantes a se renderem.
Ertogrul Apakan, que lidera a missão especial da OSCE em Kiev, disse que seu vice estaria em Donetsk no sábado e se reuniria com líderes separatistas neste domingo para conferir se eles vão cumprir o acordo.
Depois de uma reunião na capital ucraniana com diplomatas das quatro partes no Acordo de Genebra, o enviado suíço Christian Schoenenberger, cujo país é presidente da OSCE, disse que seus monitores tinham falado com vários ativistas.
– Por enquanto, a vontade política não é de sair – disse.