SÃO PAULO – O dólar comercial inverteu a tendência de queda verificada no início da sessão e passou a se valorizar frente ao real. Às 13h34m, a moeda americana se valorizava 0,21%, negociada a R$ 2,309 na compra e R$ 2,311 na venda. Na mínima do dia, a divisa foi negociada a R$ 2,294 (queda de 0,52%), enquanto na máxima subiu a R$ 2,321 (alta de 0,65%).
Um fluxo de recursos para o país vem mantendo a moeda brasileira em queda nos último quatro pregões, segundo analistas. O fluxo cambial foi positivo em US$ 2,454 bilhões na semana passada, resultado de uma entrada líquida de US$ 3,538 bilhões na conta financeira e de uma saída líquida de US$ 1,085 bilhão na conta comercial, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta.
Por aqui, o dólar reverteu a tendência de baixa do início do dia após o Banco Central rejeitar parte das propostas no leilão de contratos de swap cambial, o que aumentou a expectativa de que a instituição poderá não rolar integralmente o lote que vence em abril e totaliza US$ 10 bilhões.
– Com a moeda americana voltando para o patamar de R$ 2,310, a instituição colocou o restante dos contratos de swap no mercado, sinalizando ao mercado que dólar abaixo de R$ 2,30 não interessa para o BC – diz um operador.
Os leilões de dólares feitos pelo Banco Central também têm influenciado na baixa da moeda. O BC ofereceu 4 mil novos contratos de swap cambial (que equivale a uma oferta de moeda americana no mercado futuro) e também rolou mais 10 mil contratos que vencem em abril.
.Hoje, a disputa pelo fechamento da Ptax do mês de março ( taxa média) , para liquidação dos contratos no mercado futuro na próxima segunda-feira.
– Hoje, o início da disputa entre comprados e vendidos no mercado futuro pela Ptax sempre faz a moeda oscilar. O rebaixamento do país pela S&P não teve impacto no dólar, já que o mercado de câmbio tinha antecipado essa mudança. Além disso, o Brasil continuou com o grau de investimento. Se perdesse esse status aí sim teríamos um impacto mais forte no câmbio. Agora, o mercado vai continuar buscando um patamar entre R$ 2,30 e R$ 2,35. Ficou claro que o piso é R$ 2,30. O governo não interesse em um dólar abaixo de R$ 2,30, o que prejudicaria exportadores num ano eleitoral – diz Fernando Bergallo, gerente de câmbio da Tov corretora.
. Hoje, o BC realizou um novo leilão de contratos de swap cambial (que equivale a uma oferta de moeda americana no mercado futuro. Foram oferecidos 4 mil contratos. Também foram rolados mais 10 mil contratos que vencem em abril.
O comportamento do dólar também é influenciado por novos indicadores da economia americana, segundo analistas. Os pedidos de bens duráveis subiram 2,2% em fevereiro ante janeiro, para US$ 229,4 bilhões. Em janeiro, as encomendas haviam caído 1,3% na comparação com dezembro, informou o Departamento do Comércio. Analistas previam alta de 1%.
Bolsa de Valores começa o dia em alta
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, abriu em alta e sobe pelo oitavo pregão consecutivo. Às 13h35m, o índice se valorizava 0,44% aos 48.394 pontos e volume financeiro de R$ 3 bilhões. Ontem, o Ibovespa subiu 0,39% e se manteve no patamar dos 48 mil pontos, com os investidores ignorando a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor’s de rebaixar a nota de crédito do Brasil.
– Os estrangeiros estão voltando a comprar mercados emergentes a preços baixos. Isso explica o rali de alta da Bovespa – diz Sergio Goldman, sócio da Maximizar, gestora re recursos.
A expectativa de que a China anuncie medidas de estímulo à economia, assim como o Banco Central Europeu tome o mesmo caminho para os que os países da zona do euro não tenham deflação (redução dos preços) animam os mercado no exterior e a Bolsa brasileira segue esse ritmo.
– No exterior, as Bolsas estão em alta e ajudam na valorização do Ibovespa, que se chegar aos 48.600, ganha mais consistência – avalia Álvaro Bandeira economista-chefe da Órama Investimentos.
As ações do Itaú Unibanco e do Bradesco sobem após a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixar os ratings de crédito de 13 instituições financeiras, inclusive os dois mais maiores bancos privados do país, como consequência do corte da nota de crédito soberano do país anunciada na segunda-feira. Segundo a agência, essas instituições financeiras estão muito expostas à dinâmica da economia brasileira e muito dependentes do valor dos títulos de dívida do governo nacional.
Os papéis preferenciais (sem direito a voto) do Itaú subiam 1,60% a R$ 32,96, enquanto os preferenciais do Bradesco se valorizam 2,97% a R$ 29,73. Entre as demais blue chips, os papéis da Vale se valorizam 0,18% a R$ 27,66, ainda com a expectativa de que Pequim adote novas medidas de estímulo à economia. E os papéis preferenciais da Petrobras ganham 0,06% a R$ 14,50. Analistas avaliam que os papéis da Petrobras se valorizam com sinalização da direção da empresa de que 2014 terá um reajuste de combustíveis.
O analista Lenon Borges, da corretora Ativa, lembra ainda que a Petrobras já fez duas captações de recursos no exterior este ano, que cobrem suas necessidades de financiamento. Por isso, está livre de pagar juros mais altos, após o rebaixamento da S&P. Além disso, o mercado já avaliava que o risco de rebaixamento estava embutido no preço dos papéis, que caíram ao menor nível desde 2005, algumas semanas atrás. E a Petrobras também não perdeu o grau de investimento, o que leva muita gente a incluí-las em sua carteira de investimentos.
A maior alta do pregão é apresentada pelas ações ordinárias (com direito a voto) da Tim Part, com ganho de 4,80% a R$ 11,77, enquanto a maior queda é apresentada pelos papéis preferenciais da Oi, que recuam 9,74% a R$ 3,24, após o Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidir que os controladores da empresa terão direito a voto na assembleia marcada para amanhã, cujo objetivo será discutir um laudo sobre os ativos da Portugal Telecom e o aumento de capital da Oi. A avaliação dos ativos é um passo essencial para a fusão entre as companhias, já que a Oi incorporará ativos da Portugal Telecom. Os acionistas minoritários da Oi, no entanto, queriam impedir os controladores da empresa de votar sobre o assunto por enxergarem conflito de interesse.
