KIEV – A anexação da Crimeia pela Rússia até trouxe à península algum otimismo por fazer parte de um mercado interno maior e um país mais poderoso. Mas, no momento, predominam as agruras de ainda depender da Ucrânia para serviços básicos e o baque no setor turístico.
Pelo menos 60% da população da Crimeia ganha dinheiro como turismo. A região recebe entre seis milhões e oito milhões de visitantes ao ano – destes, 60% são ucranianos e 25%, russos. A esperança é de atrair mais turistas da Rússia.
A dependência da Ucrânia se reflete em necessidades ainda mais primárias, como água e energia elétrica. Pelo menos 80% da eletricidade consumida na Crimeia vêm da Ucrânia, que tem promovido interrupções no fornecimento. Moscou correu em socorro com 1.400 geradores a diesel e já planeja conectar a rede elétrica local ao restante da Rússia.
Sobre a água, o governo russo afirma que a escassez pode ser superada mediante uso mais eficiente de recursos já existentes. O problema é que o fornecimento tem como base o Rio Dnieper, o principal da Ucrânia. Em Kiev, o governo já avalia implantar “tarifas especiais” para fornecer energia elétrica e água à península.
Apesar da pressão da Ucrânia, tanto o governo russo como cidadãos da Crimeia procuram exibir otimismo com a nova fase.
– O mercado russo é muito maior e mais forte, e haverá mais oportunidades de crescimento – afirmou Sergei Pleshkov, dono de uma fábrica de móveis na Crimeia.
Ontem, o Parlamento russo aprovou um orçamento de US$ 6,8 bilhões para a península. As demonstrações russas de que a Crimeia não está sozinha são elementos importantes para o apoio popular à anexação, mesmo com momentos difíceis pela frente.
– Já passamos por isso antes. Se precisar, compro umas velas – disse Olga Dusheyeva, professora aposentada de 81 anos. – Não tenho medo. Sei que a Rússia vai nos ajudar sempre