32.3 C
Rondonópolis
, 12 maio 2024
 
 

Movimento esclarece anemia falciforme

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img
Da esq. p/ dir., Thiago Santana, Wolney de Oliveira, Rosalino Batista, Rosemeire Teles e Elaine Aparecida

O Movimento Negro de Rondonópolis (MNR) vem desenvolvendo um programa popular de controle da doença falciforme em Rondonópolis. A meta da entidade é ver estabelecida no município uma política pública de atendimento integral às pessoas com a doença e seus familiares. Uma das primeiras ações do programa vem sendo um curso de extensão com agentes comunitários de saúde que atuam nas unidades do Programa de Saúde da Família (PSFs).
O curso está sendo realizado entre os dias 23 e 26 deste mês, atendendo cerca de 400 agentes comunitários. As informações vêm sendo repassadas pelo médico hematologista Wolney de Oliveira, pela médica hematologista e hemoterapeuta Mariela Teodoro e pelo presidente da Associação de Pessoas com Doença Falciforme de Mato Grosso (Asfamt), Rosalino Batista. No primeiro dia contou com uma abordagem histórica e sociológica sobre anemia falciforme, ministrada pelo professor e historiador Flávio Nascimento.
Conforme a presidente do Movimento Negro de Rondonópolis, Elaine Aparecida, a entidade que ela representa resolveu lutar por essa causa porque constata-se a existência da prática do racismo contra o negro na rede pública de saúde, uma vez que a doença falciforme afeta afrobrasileiros e afrodescendentes. Nesse contexto, observa que não há uma preocupação na rede municipal em promover o controle da doença falciforme, com uma política pública abrangente.
O médico Wolney de Oliveira e o presidente da Asfamt, Rosalino Batista, convidados para ministrar o curso, estiveram ontem na redação do Jornal A TRIBUNA, juntamente com Elaine Aparecida e com a secretária do Movimento Negro de Rondonópolis, Rosemeire Teles. Wolney explicou que uma das preocupações do curso aos agentes é capacitá-los a identificar pessoas com sinais e sintomas da anemia falciforme e também as complicações em pacientes com a doença diagnosticada, garantindo os primeiros atendimentos e posterior encaminhamento para os centros de referência.
No curso, Rosalino Batista tem explicado a importância da Asfamt na luta em prol do controle da doença. Nesse sentido, ele explica que a associação existe para conscientizar as famílias em relação à anemia falciforme, assim como divulgar a doença para toda a população, manter parcerias públicas/privadas e fiscalizar o atendimento para melhor qualidade de vida dos pacientes. Ao Jornal A TRIBUNA, enfatizou que a existência de uma política pública municipal para a doença necessita da Secretaria Municipal de Saúde a elaboração de um protocolo de atendimento, abrangendo oferta de estrutura médica, hospital de referência, psicólogo e fisioterapeuta, locais de referência para exames, entre outros.
Rosemeire Teles informa que o programa do Movimento Negro de Rondonópolis prevê ainda diversas outras ações na esfera municipal. Os próximos a serem contemplados no projeto serão os acadêmicos dos cursos de Enfermagem. No segundo semestre também devem ser visitadas as escolas da cidade, orientando os educadores e os pais de alunos.

Anemia falciforme não tem cura, mas tem tratamento

A anemia falciforme é uma doença do sangue hereditária (de pai para filho), sendo caracterizada pela alteração do glóbulo vermelho do sangue – não pela falta de ferro. O médico hematologista Wolney de Oliveira, em entrevista ao Jornal A TRIBUNA, enfatizou que a doença ainda não tem cura, mas que há tratamento.
Conforme Wolney de Oliveira, a doença apresenta como principais sinais e sintomas a palidez, a cor amarelada na pele e o aumento do baço. Ele alerta que a anemia falciforme pode causar crises de dor, infecções, aumento súbito do baço por causa do desvio do fluxo de sangue para o órgão, podendo levar até a morte, além de derrame cerebral, úlceras de pernas, síndrome torácica aguda, entre outras. As pessoas com a doença necessitam de cuidados especiais desde o nascimento.
Nesse sentido, o médico alerta para a importância da identificação dos sinais/sintomas e da garantia dos primeiros atendimentos em relação à doença nas unidades básicas de saúde. Desde 2009, explica que a realização do teste do pezinho possibilita o diagnóstico da anemia falciforme e do traço falciforme. Para as demais pessoas, a doença pode ser constatada por meio do exame de eletroforese de hemoglobina. “A partir da suspeita clínica, o médico pode solicitar o exame”, observa.
Quanto ao tratamento, o profissional aponta o trabalho preventivo, evitando as complicações da doença com medicação (antibióticos), vitaminas e vacinas especiais para pneumonia, hepatites, gripes. Também recorre-se ao tratamento das complicações, com analgésicos, hidratação, internação hospitalar e transfusão de hemácias fenotipadas.
Em Mato Grosso, as estatísticas indicam que, de cada 1.400 nascimentos, há um caso de pessoa com anemia falciforme. Contudo, o Movimento Negro de Rondonópolis pondera que, na população geral, esse número pode estar subestimado, devido à falta de capacitação de profissionais da saúde e desconhecimento da doença.
TRAÇO – Pessoas com anemia falciforme recebem hemoglobina do tipo S tanto do pai quanto da mãe. São identificadas como SS. Quando recebem o gene da hemoglobina do tipo A de um dos pais e o gene S do outro, é identificada como AS ou traço falciforme, não desenvolvendo a doença. No entanto, se duas pessoas com traço falciforme se unem, há 25% de chances de nascer um filho com a anemia falciforme (SS), sendo importante a realização do exame de eletroforese de hemoglobina.

 

- PUBLICIDADE -spot_img
« Artigo anterior
Próximo artigo »

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Inteligência artificial pode ser ferramenta de ensino, mostra estudo

Três em cada quatro professores concordam com o uso da tecnologia e inteligência artificial como ferramenta de ensino. Os docentes...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img