A situação envolvendo a Terra Indígena Jarudore preocupa muito, de todas as formas. O conflito de terras, embora pacífico, é bastante complexo e envolve muitas pessoas, por isso, merece todos os cuidados na hora de tratar, debater, determinar e agir. Após a decisão judicial determinando a desocupação de mais de 4 mil hectares, devolvendo essa área ao povo Bororo, manifestações por parte da comunidade do Distrito de Jarudore já começaram a surgir e, infelizmente, quanto mais o tempo passa e mais próximo da data estipulada pela Justiça para que as famílias deixem essa área, mais os ânimos começam a se exaltar.
Muito se tem discutido no Estado sobre o que de fato é de direito dos indígenas, como isso foi feito e como pode ser reparado. Do outro lado estão as pessoas que construíram suas vidas em Jarudore, muitas já idosas, e que também se sentem pertencentes a esse lugar. Para o Ministério Público, a ocupação das terras, mesmo com um decreto do Governo do Estado, ocorreu de forma a expulsar os indígenas que lá estavam e, por direito, eles devem ter o seu espaço de volta. Os moradores, por sua vez, rechaçam o papel de invasores e dizem que ocuparam as terras legalmente, com o incentivo do governo, e que portanto também possuem direitos.
É um conflito grande e, cabe ressaltar, não estamos aqui para advogar em favor de ninguém. Existe uma sentença judicial e, decisão da Justiça não se discute, se cumpre ou recorre. Aos moradores, cabe recorrer à todas as instâncias possíveis. É importante lembrar também que, mesmo com a disputa pelas terras, a comunidade e os indígenas que vivem em Jarudore têm convivido em harmonia. Neste momento de bastante tensão, é importante que isso não seja esquecido e que, independente do que acontecer, a violência nunca será solução. Estão em paz, e que assim continuem.
É momento de diálogo, de debater o assunto, de buscar medidas judiciais, de todos os lados. Estamos observando que os moradores estão se movimentando, que a classe política está se movimentando, ao mesmo tempo em que a Justiça também. Por mais que a situação pareça difícil, e realmente é, é preciso serenidade de todas as partes envolvidas, encontrar uma solução que fique justa para todos, respeitando as particularidades de cada cidadão, indígena ou não, sempre buscando a paz na bela e queria Terra Jarudore.
