Cadeias: Faculdades do crime

Anteontem (17) a Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou uma mega operação, em que uma quadrilha que roubava veículos no Estado foi desmantelada. A quadrilha, era responsável por 60% dos roubos em Cuiabá e Várzea Grande, e não foi surpresa para ninguém descobrir que as ordens para esses roubos foram dadas de dentro de presídios. Recentemente, em uma outra operação, a Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou 90 mil ligações efetuadas de dentro da penitenciária Major Eldo de Sá Correa, a nossa conhecida Mata Grande, em que detentos aplicavam o golpe do falso médico em vários estados. No início do ano, uma outra operação deste tipo realizada pela Polícia do Estado de São Paulo, também identificou esse mesmo tipo de golpe sendo aplicado em hospitais da região Oeste daquele Estado, por detentos da Mata Grande.
As falhas da segurança das unidades prisionais são óbvias. Começam, com a falta de bloqueadores de celular, seguem pelas falhas humanas de agentes prisionais, seguem pela falta de equipamentos de segurança para funcionários trabalharem da forma como tem que ser, seguem pelo número insuficiente de  servidores, seguem pela superlotação e, claro, pelo enorme poder que as facções criminosas possuem no Brasil. Especialistas em segurança pública acreditam que pode haver no país cerca de 30 organizações criminosas mais poderosas com atuação dentro e fora dos presídios. Para quem atua dentro dos presídios, esse número é subestimado. Há levantamentos que apontam até 80 delas.
De dentro do presídio, cumprindo pena, eles mandam e desmandam por lá, e seguem com o cometimento de crimes aqui do lado de fora, com a parceria de membros de suas facções e familiares. O encarceramento, no Brasil, não significa nada. São milhares de homens e mulheres amontoados em pocilgas, que não são reinseridos na sociedade e acabam mesmo é saindo pior do que entraram. Alguma expectativa por uma mudança nesse cenário? Nenhuma!
Se no Brasil a coisa vai mal, resta parabenizar a Polícia de Mato Grosso pelo trabalho realizado nesta operação, torcer por investimentos por parte do Estado para melhorar o nosso sistema penitenciária, e para quem tem fé, rezar, para não cair nas mãos dos criminosos que estão nas ruas e que também estão dentro das cadeias.