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, 19 maio 2024
 
 

A posse da terra sem sangue

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O Brasil é o país onde mais pessoas morrem em conflitos de terra no mundo. Conforme o Caderno Conflitos no Campo Brasil 2016 da Comissão Pastoral da Terra (CPT), houve um crescimento de 88% nos confrontos envolvendo indígenas em Mato Grosso no ano passado, além 5683 ataques verificados contra quilombolas, assentados, sem terra e trabalhadores escravos. São dados alarmantes, em um Estado que tem mais de 40 mil famílias vivendo em área de conflito agrário. Pior que isso, quase nada para mudar essa realidade é feito pelo poder público.
A chacina em Colniza é um grande exemplo de como as autoridades brasileiras não dão a menor importância para essa situação. Foram inúmeros avisos sobre o problema, nenhuma ação, nove pessoas mortas. Você tem o direito de não gostar de sem terra, tem o direito de achar que indígenas não devem ficar com reservas tão grandes, tem o direito de achar que a reforma agrária é pleiteada por pessoas com outros interesses. Você tem o direito de pensar como quiser. Agora, ninguém tem o direito de torturar e matar pessoas, temos que concordar.
A reforma agrária é uma questão muito necessária no Brasil, e também muito complexa, pois envolve muitos interesses e pessoas. Ela intervém em um dos setores mais competitivos do país, criando receio entre produtores e representantes do próprio Governo de que possa provocar uma queda significativa na produção agrícola e nas crescentes exportações. É certo que, na defesa da reforma agrária, não se pode tripudiar o direito de propriedade e menos ainda fortalecer as invasões, pois mesmo que sejam consideradas um mecanismo reivindicatório, as mesmas são levadas a cabo por meio e formas ilegais. Porém, em um país com toda imensidão, há de concordar que há espaço para o agronegócio, para a agricultura familiar e para tantas outras coisas.
A chacina em Colniza, embora essa não tenha sido a questão específica que aconteceu por lá, nos lembra que a integridade do direito sobre o bem deve ser mantida, mas não com o fuzilamento de pessoas. Nem só de grandes lavouras, da extração de madeiras e demais se vive a humanidade. Precisamos comer, precisamos de alimentos limpos. Precisamos de espaço para todos, de leis justas, de leis cumpridas e de também de mais empatia. Precisamos neste momento, que o Estado apresente os autores da barbárie que tirou a vida de nove pessoas, para que não volte a acontecer.
Opiniões e bens pessoais jamais podem se sobrepor ao direito a vida.

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