A caixa preta da Previdência Social

A discussão sobre a reforma da Previdência Social é atualmente o assunto mais comentado entre os trabalhadores brasileiros. A medida, proposta pelo governo Michel Temer, é apontada como necessária do ponto de vista econômico. Sem a reforma a Previdência quebra, dizem. A medida tem recebido fortes críticas de parlamentares da oposição e até da base aliada, que se queixam do caráter austero da proposta. Quanto ao povo, pode-se dizer que a maioria da população é contra a mudança, por acreditar que ela retira direitos conquistados. Muitos dos contrários à reforma ponderam ainda que a população não está sendo envolvida nas discussões, o que de fato não acontece.
A necessidade de reformas no Brasil é uma realidade. Temos um País altamente burocrático, com uma carga tributária absurda. Um Brasil duro para quem quer empresariar, quem quer ser empreendedor, quem quer trabalhar. Mas um País brando com quem sonega, com quem rouba dinheiro público e enriquece as custas do suor do povo. Esse tem sido um dos pontos mais levantados pela população.
Será que o combate à sonegação, à informalidade e um maior alcance da cobrança da dívida previdenciária não seriam iniciativas muito mais efetivas do que a proposta feita? Não teríamos que melhorar a Previdência? Existem, por exemplo, milhões de trabalhadores que não estão vinculados. A formalização, direitos para empregados domésticos, Simples, Microempreendedor Individual, etc., foram milhões que entraram no sistema, e ainda há espaço para mais formalização. E quanto aos devedores, por que não executar as dívidas dos bancos, por exemplo, que chegam a lucrar trilhões por ano e ainda devem para a Previdência.
Da forma como a medida é proposta, aparenta que a intenção é reconcentrar a riqueza pública nas elites brasileiras e abrir o sistema previdenciário para o mercado privado. O que ameaça o sistema é o desmonte, a omissão da União, a recessão e o desemprego, não os direitos do povo.
Um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar a real situação da Previdência Social já tem as assinaturas necessárias. É importante saber qual a nossa real situação e o que precisa ser feita. Às escuras, não haverá apoio popular algum para as mudanças, e o “caldo” contra a medida deve engrossar. Se não mudar a forma de condução da proposta, o presidente Michel Temer vai acabar conseguindo uma proeza incrível em tempos de guerras ideológicas: unir direita e esquerda.