A Justiça brasileira é lenta. Qualquer pessoa que já tenha enfrentado alguma pendência nos tribunais, como autor ou réu, pode atestar o quanto de tempo se gasta entre o início de uma ação e a respectiva sentença definitiva. Invariavelmente, a contagem de prazo se estende por anos, muitas vezes avançando até o limite da prescrição do crime.
É claro, há exceções, mas em sua grande maioria, a Justiça ainda está bem distante do cidadão e dos seus anseios. São muitas as razões que levam a Justiça a isso, não podemos negar que também fazemos parte dessas razões. Reclamamos da morosidade, mas não fazemos nada para mudar. Reclamamos das leis, brandas ou rigorosas, mas não cobramos uma reforma, não cobramos dos legisladores que elegemos essa mudança.
Fugindo das responsabilidades sobre o que funciona ou não por um momento, podemos focar nas boas práticas, as que tornam a justiça próxima do cidadão. É o caso do “Mês Nacional do Júri”, uma mobilização nacional do sistema de Justiça para levar a julgamento os responsáveis por crimes dolosos (cometidos com intenção) contra a vida.
Magistrados e servidores do Judiciário, que atuarão em parceria com promotores, defensores públicos e advogados, realizarão julgamentos, fazendo um verdadeiro mutirão para julgar esse tipo de caso. No ano passado, 52 sessões foram realizadas em Rondonópolis durante esta atividade, é um alento para quem está na fila da Justiça, um alento para quem perdeu um familiar, um amigo, alguém que foi tirado de forma violenta do convívio.
Os crimes contra a vida destroem famílias e expõem um lado muito cruel da humanidade. Neste caso, julgá-los com rapidez é aliviar o coração de quem sofre, pelo menos com a sensação de justiça. A sensação de impunidade é tão dolorida quanto a da apartida. Que seja um mês produtivo e proveitoso para o Tribunal do Júri de Rondonópolis, e que aqueles que aguardam por um julgamento tenham a resposta que a lei dos homens pode dar o quanto antes.
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