Protestos nas urnas!

A desilusão crescente dos cidadãos com a classe política, infelizmente, foi refletida nas urnas neste dia 2 de outubro em todo o Brasil. Tivemos neste pleito eleitores que trouxeram na bagagem o acúmulo de decepções frente a notícias de corrupção no meio político que não pararam uma semana sequer nos últimos anos, trazendo bastidores, até então, inacreditáveis do “mar de lama” que se infiltrou no poder.
Para exemplificar, em Rondonópolis, temos o descontentamento frente aos vereadores que não quiseram abrir mão da verba indenizatória, sem prestação de contas. Em Mato Grosso, as investigações que culminaram com a prisão do ex-governador Silval Barbosa e seu grupo, em uma série de esquemas ilegais sob influência do poder. No Brasil, as revelações sem precedentes que derrubaram os políticos mais influentes do País, através da Operação Lava Jato.
Não é por menos que as urnas deram o seu recado nesta semana. Em âmbito municipal, conforme noticiado pelo Jornal A TRIBUNA, a soma de votos brancos, nulos e das abstenções alcançou quase 27% do eleitorado, ou 36.404 eleitores. Nas maiores cidades do País, a situação é ainda mais crítica. Na cidade de São Paulo, a soma de votos brancos, nulos e das abstenções atingiu 3.096.314 eleitores (38,48%), mais que o eleito, que teve 3.085.187 votos. No Rio de Janeiro, a soma de votos brancos, nulos e das abstenções rendeu inacreditáveis 43% do eleitorado, quase o mesmo contingente recebido de votos pelos três primeiros colocados no primeiro turno. É muito voto de quem não quis participar do processo!
Se não bastasse isso, quem participou do processo eleitoral demonstra anseio por renovação. Avaliando esse quadro em Rondonópolis, em Mato Grosso e no Brasil, verificamos que os candidatos a reeleição tiveram muita dificuldade neste pleito. Assim, foram poucos que conseguiram êxito na sua investida para permanecer no poder. Isso denota que os eleitores não aprovam o que está acontecendo na política e que não concordam com a perpetuação do poder. Em Rondonópolis, vimos que os candidatos Percival Muniz e Rogério Salles estão no poder há algum tempo e, inevitavelmente, sofreram com essa visão. Na Câmara Municipal, por sua vez, a renovação também foi expressiva, na ordem de 52,4%.
Percebemos uma população que, cada vez mais, vem buscando uma opção de voto, buscando novas figuras que não representem a velha política. O prefeito eleito de São Paulo, João Dória, apresentador e empresário de sucesso, é uma mostra disso, representando o novo e a esperança de fazer algo diferente e de resistir às tentações da política suja. Diante da atual realidade, é inevitável continuar vendo essa repulsa em relação a quem está no poder. O voto é obrigatório e principal trunfo da democracia e, como não se pode furtar do papel de cidadão, as buscas por novos personagens, por quem não está no poder, tende a ser uma crescente…