Cartas na mesa

Cresce em todo o Estado de Mato Grosso o movimento de estudantes de escolas públicas estaduais que se posicionam contra a proposta da gestão Pedro Taques de implantar em 76 unidades de ensino, parcerias público-privadas. No momento, já são dezesseis escolas ocupadas por estudantes no Estado, e tudo caminha para que esse número aumente. Em Rondonópolis, alunos realizaram na manhã de ontem (01) um manifesto na região central da cidade, contra o projeto do governo. Com cartazes, canções e gritos de guerra contra a privatização da escola pública, eles deram o recado de que se o Estado insistir, eles irão resistir.
A insatisfação e o medo dos estudantes e servidores da educação são justificados pela falta de informações. Não se sabe certamente como funcionaria essa parceria, já que o Estado não tem tratado de forma aberta com a sociedade. Ao invés do diálogo, prefere confrontar o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino com declarações públicas de que eles estão mentindo para pais e alunos, já que nenhuma escola será privatizada. Se não será privatizada, como funcionará essa parceria?
Ao que se sabe até o momento, é que a empresa deve reformar e cuidar da segurança e limpeza da escola, para isso o Estado pagaria por anos uma espécie de mensalidade à essa empresa, que administraria o prédio e poderia explorar também setores dentro das unidades, como a cantina por exemplo.
Talvez, se o Estado colocasse o projeto na mesa para o debate e melhorasse o trato com o Sindicato e com os estudantes, não seria necessária a ocupação de escolas. Quem sabe não se tratar de uma boa idéia?
Por enquanto, tudo parece muito nebuloso, e dá margem para diversas interpretações. O que todo mundo sabe é que uma empresa investe, recupera o investimento e visa o lucro. De onde virá o lucro? É preciso realmente dialogar com a sociedade, e o Estado já se prontificou a fazer por meio de audiências públicas. Aguardemos os próximos capítulos.