20.6 C
Rondonópolis
, 20 maio 2024
 
 

Venezuelano que fugiu da miséria procura emprego em Rondonópolis

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img
Venezuelano Juan Alberto, que quer recomeçar a vida em Rondonópolis: “Quero primeiro arrumar um emprego, regularizar minha Habilitação e melhorar de emprego, para alugar uma casa e poder trazer minha esposa e minhas filhas para viverem aqui comigo” – Foto: Denilson Paredes

Com seu país natal mergulhado em uma profunda crise política e econômica, um grande número de cidadãos venezuelanos tem atravessado a fronteira com o Brasil atrás de uma oportunidade de trabalho e de condições de vida dignas. À procura de uma vida melhor e de oportunidade de emprego, muitos deles deixam tudo para trás, família, bens pessoais e se aventuram no desconhecido, contando sobretudo com a solidariedade dos brasileiros para poderem sobreviver enquanto não encontram uma colocação no mercado de trabalho e, assim, recomeçarem suas vidas. Inicialmente, os imigrantes entram no Brasil pelo estado de Roraima, onde obtêm documentos brasileiros para em seguida se espalharem pelo Brasil.

Um exemplo típico desse quadro é o motorista de caminhão Juan Alberto Orrellana Carrasco, de 45 anos, que deixou sua esposa e duas filhas na cidade de El Tigre, cidade com cerca de 200 mil habitantes, localizada no estado de Anzoátegui, no início do mês de novembro do ano passado, para vir tentar a sorte no Brasil, tendo peregrinado por estados da região Norte, como Roraima, Amazonas e Rondônia antes de ouvir falar de Rondonópolis, onde pretende arrumar um emprego e fazer uma economia, para depois trazer sua família para viver aqui.

No Brasil, ele ficou inicialmente na cidade de Boa Vista (RR), onde adquiriu uma licença de dois anos para permanecer no Brasil, além de ter entrado com o pedido de naturalização e de ter obtido CPF, Carteira de Trabalho e cartão do SUS, antes de arrumar um emprego temporário em uma fazenda, tendo ganhado o suficiente para retornar à Venezuela para passar o Natal e Ano Novo com sua família. De volta ao Brasil, enfrentou o desemprego por cerca de um mês antes de arrumar um outro emprego temporário, dessa vez para ajudar na construção de uma cerca em uma outra fazenda, ainda em Roraima. “Aí, fui na Venezuela buscar minha Habilitação internacional, para poder dirigir aqui no Brasil, mas fui informado pelo Detran que essa Habilitação não servia para dirigir no Brasil, não para dirigir caminhão, pelo menos. Serviria apenas para veículos menores e só por três meses”, contou o imigrante.

Como enfrentava dificuldades para encontrar emprego em Boa Vista, decidiu pegar uma carona e de lá foi para a cidade de Manaus (AM), onde recebeu ajuda financeira da Igreja Católica para prosseguir viagem, de barco, até a cidade de Porto Velho (RO), onde conseguiu uma carona que o trouxe até Mato Grosso, ouvindo falar de Rondonópolis, para onde decidiu vir tentar a sorte. “Uma pessoa muito boa me pagou a passagem para eu vir para Rondonópolis e me falou que aqui era uma cidade razoavelmente pequena, mas com mais oportunidades para quem quer trabalhar que nas cidades grandes. E aqui estou eu em Rondonópolis”, continuou.

Há cerca de quinze dias em Rondonópolis, ele tem dormido em albergues da cidade enquanto procura por um emprego, sempre tendo em vista criar condições de se fixar por aqui e poder trazer sua família para junto de si. “No albergue, eu pude ficar somente por 14 dias, que é o prazo que me deram. Aí eu procurei o Sine (Sistema Nacional de Emprego), onde fui procurar um emprego como motorista, mas me informaram que eu não poderia dirigir com minha Habilitação no Brasil e me ajudaram me fornecendo uma lista de documentos e exames que devo fazer para tirar uma Habilitação brasileira e poder trabalhar aqui no que sei fazer”, informou Juan Alberto.

Sobre o seu país, ele se diz desalentado com o mesmo e informa que o único caminho para começar a tirá-lo da crise que vive seria uma troca no comando do país, atualmente sobre o comando do socialista Nicolás Maduro. “Lá não tem emprego, tudo o que a gente tem, como casa, carro, não valem nada. O dinheiro daqui vale, o da Venezuela vale muito pouco. Se você vai comprar comida, você precisa levar um monte de dinheiro e sai do mercado com pouca comida. Aqui, você leva pouco dinheiro e sai com muita comida. Lá, a inflação está muito alta e não há perspectivas de nada”, afirmou o imigrante.

Em Rondonópolis, ele conta que tem sobrevivido principalmente das ajudas que recebe diariamente das pessoas. “Aqui, eu sobrevivo porque muitas pessoas me ajudam, me dão comida, outros me dão algum dinheiro, mas estou com a cabeça assim incomodada, pois minha família está passando fome na Venezuela. Já tem quatro meses que não sei o que é dar um abraço nas minhas filhas e nem na minha esposa”.

Mesmo não tendo ainda conseguido o tão sonhado emprego, o imigrante venezuelano não dá sinais que querer desistir e diz ter a convicção que encontrou o lugar ideal para refazer sua vida. “Quero primeiro arrumar um emprego, regularizar minha Habilitação e melhorar de emprego, para alugar uma casa e poder trazer minha esposa e minhas filhas para viverem aqui comigo, porque lá na Venezuela não há futuro e aqui eu vejo que há um futuro para elas, porque o Brasil é uma potência do mundo. Eu quero que minhas filhas cresçam aqui e eu quero viver o resto da vida que Deus me deu aqui também”, disse, emocionado.

Ele conta que veio sozinho para Rondonópolis, principalmente por conta da maior facilidade para conseguir caronas. “Se você chega aqui e vai para outra cidade e eu lhe peço carona com mais dois ou três venezuelanos, a pessoa não dá carona. Se você está sozinho, isso facilita nessa hora”, explicou.

Enquanto procura um emprego, que segundo ele pode ser em fazendas ou mesmo na cidade, o venezuelano passa o dia no antigo posto Trevão, onde expõe um cartaz que conta um pouco da sua história e se oferece para trabalhar. “Eu quero, preciso muito agradecer aos donos desse posto, que compreendem minha situação e me dão apoio. Para mim não importa qual vai ser o tipo de emprego que vão me arrumar, o que me importa é estar trabalhando, porque não quero me confundam com um morador de rua, pois sou uma pessoa que lutou a vida toda e vou continuar lutando por minha família”, concluiu.

- PUBLICIDADE -spot_img

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Carlos Bezerra é internado em UTI após cair e bater a cabeça; quadro é estável

O ex-deputado federal e presidente estadual do MDB, Carlos Bezerra, deu entrada no Hospital São Matheus, na Capital, na...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img