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Rondonópolis
, 14 maio 2024
 
 

“Com governo a favor ou contra, a cidade vai continuar crescendo”

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Dando continuidade à série de reportagens com os pioneiros da cidade, hoje o Jornal A TRIBUNA traz uma entrevista especial com o juiz aposentado Pedro Pereira Campos Filho, uma das pessoas mais ativas e atuantes da sociedade local, tendo sido professor, advogado, secretário municipal e até candidato a prefeito da cidade, além de ter atuado na magistratura. Figura conhecida e muito respeitada na cidade, ele também teve uma atuação destacada no Lions Club, tendo participação decisiva em vários avanços que o município teve no passado e que permitiram que ele se tornasse o que é hoje em dia.
Casado, pai de 5 filhos e esperando pelo quinto neto, um homem de fala tranquila e de riso fácil, Pedro Pereira Campos, que hoje está com 69 anos, nasceu na cidade vizinha de Itiquira, que, segundo ele, era maior que Rondonópolis até meados dos anos 60 do século passado. Após concluir o terceiro ano primário, a família o mandou para continuar os estudos na cidade de Guiratinga, que na época era o centro cultural da região, tendo se mudado em definitivo para Rondonópolis somente depois de ter se formado em Direito na cidade de Campo Grande, já nos anos de 1972, para aqui construir sua trajetória. Confira:


“Nunca pensei em ir embora daqui, tive meus filhos aqui. Adoro Rondonópolis e cheguei aqui muito novo”, declarou o pioneiro Pedro Pereira Campos Filho – Foto: Denilson Paredes

Com formação na área de Contabilidade e Direito, Pedro Pereira Campos Filho chegou na cidade de Rondonópolis já contratado como professor da rede estadual, começando a lecionar na Escola EMOP e na Escola Técnica de Comércio, sendo que na época a cidade oferecia apenas o Magistério e a Contabilidade como opção para estudantes de nível médio. “Nessa época que cheguei aqui, Rondonópolis polarizava a região, ainda era uma cidade de muita poeira e pouca energia elétrica, mas chamava a atenção de todos, que já sentiam que o local teria um futuro grandioso. Eu lecionei entre os anos 1973 a 1976, antes de ser convidado pelo Walter Ulisséia para assumir o Departamento de Educação, que mais tarde viria a se tornar a Secretaria Municipal de Educação. Eu fui o último diretor do Departamento e o primeiro-secretário de Educação de Rondonópolis”, contou.

O pioneiro aos 6 anos de idade, quando ainda morava na cidade de Itiquira, onde nasceu – Foto: Arquivo Pessoal

Ele se lembra ter permanecido no cargo até 1982, tendo a partir daí se dedicado à advocacia até 1985, quando foi convidado a assumir a Superintendência de Desenvolvimento da Pesca (Sudepe), onde permaneceu até o primeiro semestre de 1988, quando se afastou para se dedicar à campanha eleitoral do ex-prefeito Jota Barreto (falecido recentemente), que o convidou para assumir o cargo de Procurador-Geral do Município em 1989. “Nesse cargo eu fiquei até 1992, quando fiz o concurso para a Magistratura e passei, fui chamado e tive que ficar fora de Rondonópolis até 1998, quando fui promovido e voltei para cá para assumir a recém-criada 3ª Vara Criminal, onde permaneci até a minha aposentadoria, em 2006”, relatou. Mesmo aposentado da carreira de juiz, o pioneiro não quis saber de parar de trabalhar e voltou a se dedicar ao Direito, retomando seu escritório de advocacia. “Parado mesmo, eu fiquei uns três meses, e desde 2008 voltei a advogar e estou até hoje”, completou.

Em toda a sua trajetória, Pedro Pereira Campos sempre teve uma atuação muito ativa na sociedade, tendo sido várias vezes escolhido presidente do Lions Club, chegando inclusive a ser escolhido Governador Distrital da entidade, na época em que a Governadoria incluía todo o estado de Mato Grosso e parte do estado de São Paulo. Como representante do Lions, ele teve um papel fundamental para a vinda dos primeiros cursos universitários para Rondonópolis, viabilizados graças ao seu empenho e de outros membros da sociedade local. Na mesma época, ele se empenhou para a criação do Centro de Treinamento Melvin Jones, que funcionava como um local de formação profissional de jovens, que hoje em dia é o Sesi/Senai. Uma outra grande obra também de cunho social que Pedro Pereira Campos teve papel decisivo foi na criação da Unidade Educacional Pró-Menor (Uniprom), que ficava na saída para Guiratinga, onde hoje funciona a Unidade 2 da Casa Esperança, que trabalha com abrigo de homens em condição de vulnerabilidade social.

Dos seus primeiros tempos em Rondonópolis, ele se lembra de ter se estabelecido inicialmente na Rua Otávio Pitaluga, onde possuía uma casa, mas que estava alugada na época, tendo que morar e manter seu escritório em duas peças cedidas pelos locatários, que pediram para ficar morando na casa até que a sua ficasse pronta. “Eu tinha uma estante com livros e atrás dela eu colocava uma cama de campanha. Então, ali era meu escritório e minha moradia, tudo ali no mesmo lugar”.

Nessa foto, o juiz aposentado aparece junto com outros pioneiros da cidade, todos atletas da equipe do Lions Club da cidade. Ele é a pessoa que segura a bola- Foto: Arquivo Pessoal

Nessa época, ele rememora, as únicas vias pavimentadas da cidade era um trecho da Otávio Pitaluga, entre as Avenidas Amazonas e Cuiabá, e uma outra quadra na Avenida Cuiabá, em frente ao Colégio das Irmãs, como era conhecido na época a Escola Sagrado Coração de Jesus. “Havia alguns trechos de paralelepípedos, mas asfalto era só isso. O resto era de chão batido e a poeira que levantava aqui era terrível, pois por mais que você limpasse os móveis de manhã, no final da tarde já estavam cobertos de poeira. Não tinha como evitar isso e quando chovia era um Deus nos acuda. Eu advogava muito para outras cidades, como Alto Garças, por exemplo, e as estradas eram todas de terra também. Foi uma experiência muito boa, porque enfrentamos e hoje estamos aqui”, opinou o pioneiro.

Segundo Campos, ele se estabeleceu em Rondonópolis por escolha própria, pois enxergava um grande futuro para si e para a cidade aqui, dispensando convites para ficar em Campo Grande, onde fez a faculdade de Direito e presidiu o Centro Acadêmico do curso. “Convites de natureza política eu tive para permanecer lá, mas eu preferi vir para cá. Desde o começo dos meus estudos o meu plano era esse. Naquele tempo não tinha esse negócio de concurso público, então os políticos podiam nomear o promotor ad hoc, e tinha vaga lá, mas eu disse que viria para Rondonópolis e vim mesmo. Até hoje não me arrependi. Eu tinha a convicção de que a cidade ia crescer muito e a gente ia crescer junto. Era um período em que as pessoas se conheciam muito”, disse, entre risos.

Ele se lembra de um fato dessa época que o marcou muito, que foi quando passou em frente a concessionária da Volkswagen, que era uma pequena loja localizada na Rua Dom Pedro II. “Eu parei lá e estava olhando para um Fusca azul, que estava lá para vender. Aí chegou o Joaquim Lima (filho do engenheiro Domingos de Lima, nome de rua da cidade hoje em dia), gerente da loja, e me perguntou se havia gostado do carro. Eu disse que estava só olhando, que era recém-chegado na cidade, mas ele me convenceu a deixar um cheque de caução no caixa da empresa e levar o carro. O cheque que deixei não cobria um décimo do valor do carro, mas saí de lá na hora com ele. Nessa época era tudo assim, na base da confiança”, lembrou.

Nessa foto, Pedro Pereira Campos aparece descerrando a placa de inauguração do Centro de Treinamento Melvin Jones, que mais tarde se tornaria o Sesi/Senai – Foto: Arquivo Pessoal

Em 1976, o jovem advogado e professor foi lançado pelo antigo MDB como candidato a prefeito da cidade, concorrendo com dois gigantes da política local da época, os ex-prefeitos Zanete Cardinal e Walter Ulisséia, ambos da Arena. “Esse foi o primeiro impulso que o MDB teve. Depois veio o Bezerra na eleição seguinte e daí para frente todos conhecem a história. Eu não ganhei a eleição, mas o MDB fez quatro vereadores: o Rozendo Ferreira de Souza, que é avô do vereador Reginaldo Santos, a Maria Nilza, esposa do meu candidato a vice, o médico Fausto Farias, o Miguel Ramos e Isidoro Abílio de Moraes Filho, o Dorito, que hoje em dia mora em Itiquira. Nós fomos até bem votados, mas não tínhamos como vencer os dois adversários da Arena”, conta.

Mesmo tendo sido seu adversário na campanha eleitoral, o prefeito eleito Walter Ulisséia o convidou para assumir a pasta da Educação, que era apenas um departamento até então. “Até essa época, as escolas da zona rual eram todas de sapé, nenhuma delas era de alvenaria. Eu tive o privilégio de conseguir construir 76 salas de aula na zona rural”, contou. Em 1986 foi candidato novamente, dessa vez para deputado estadual, mas sua principal função política naquele ano foi acompanhar e assessorar o candidato a governador de seu partido, o Padre Raimundo Pombo, que perdeu a eleição para Júlio Campos.

Professor por opção e vocação, ele diz que o Magistério entrou em sua vida muito antes de se formar, pois em uma de suas férias, quando ainda estudava em Guiratinga, ele alfabetizou todas as crianças da fazenda onde sua família morava. “Eu fui no final de dezembro e minhas férias eram em janeiro e fevereiro. Então, nesse período deixei todas as crianças da fazenda lendo. Assim que comecei o ensino médio em Campo Grande, logo em seguida comecei a lecionar. Me tornei professor do Estado e permaneci lecionando até 2008, os últimos dez anos dando aulas de Direito no antigo Cesur”, informou.

Pedro Pereira Campos também foi membro fundador e primeiro presidente da Academia Rondonopolitana de Letras (ARL) e se diz um apaixonado pela cidade que escolheu para viver. “Nunca pensei em ir embora daqui, tive meus filhos aqui. Adoro Rondonópolis e cheguei aqui muito novo. O que me prendeu em Rondonópolis é o fato de que até hoje, se eu estiver viajando, um parente meu pode ir em qualquer lugar comprar algo sem dinheiro que as pessoas entregam. Sou conhecido e reconhecido por todos os cantos da cidade. Mas hoje eu conheço pouca gente em Rondonópolis, por causa da sua expansão e crescimento, mas todos me conhecem. Em termos de condição de vida, eu prefiro a Rondonópolis de hoje, mas o que me prende na cidade dos anos 60 é aquela facilidade de comunicação, aquela condição de você poder sentar para conversar com as pessoas. Todos tinham tempo para conversar. Eu sempre costumo dizer que, com o governo a favor ou contra, isso aqui vai continuar crescendo, pois Rondonópolis caminha com suas próprias pernas”, finalizou o pioneiro.

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1 COMENTÁRIO

  1. Gostei da materia/entrevista. Tive minha infância nesta Roo nos anos 50/60. Em 69 mudamos para Goiânia. Então, Dr Pedro é nosso contemporâneo. A candidatura de Zanete Cardinal nascera dentro de nossa casa – Antonio Alexandrino Alencar e Vicência.

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