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Rondonópolis
, 9 maio 2024
 
 

Política e esporte caminham juntos?

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(*) Katiuscia Mello Figuerôa

Desde muito tempo as práticas, técnicas ou atividades corporais são utilizadas como instrumento político e ideológico de instituições militares, religiosas ou educacionais. Na Grécia Antiga, as atividades que envolviam o movimento corporal compunham a formação integral do homem, sendo utilizadas como fonte de valores pedagógicos e morais e como preparação militar. Os Jogos Olímpicos eram uma homenagem aos Deuses do Olimpo, ligados diretamente à religiosidade, e também serviam como um intercâmbio cultural entre as cidades-estado gregas.

Nos circos e anfiteatros romanos aconteciam os Jogos Públicos, que no Império Romano eram utilizados visando à alienação da população. Escolas ginásticas europeias fizeram uso político do esporte e da ginástica para a preparação militar. Na Inglaterra, a regulamentação dos jogos populares fez com que surgisse o Esporte Moderno no século 19, que foi utilizado para disciplinar e fortalecer o trabalhador e aumentar a produtividade das fábricas.

Ainda no século 19, diversas nações passaram a utilizar seu desempenho nos Jogos Olímpicos como uma forma de obter projeção política internacional. Por exemplo, os Jogos de Berlim (1936) serviram de propaganda ideológica, exaltando o sentimento de unidade do povo alemão e o regime nazista.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1945), o mundo ficou dividido em dois grandes blocos – socialista e capitalista – que tiveram protagonismo na disputa entre seus campos ideológicos e estratégicos, o que ficou conhecido como Guerra Fria. A soberania dos regimes político-ideológicos era reforçada a cada vitória no campo esportivo, resultando nos boicotes dos Jogos Olímpicos de Moscou e Los Angeles, em 1980 e 1984, respectivamente. Desde então, o Comitê Olímpico Internacional proíbe qualquer tipo de discriminação e manifestação política nos Jogos.

Também tivemos, e ainda temos, em nosso País, essa apropriação do esporte para fins políticos. O futebol foi incentivado pelo governo já na primeira década do século 20 como forma de controlar a sociedade e para substituir a Capoeira, que ainda era proibida e marginalizada. Depois, entre os anos 1910-1917, a prática desse esporte foi utilizada para dispersar as greves de operários.

Já no Estado Novo, entre 1937-1945, o futebol foi utilizado para contribuir na construção de uma identidade nacional e de uma imagem positiva do País, pois representava a nação em competições internacionais. No período democrático conhecido como Populista (1945-1964), o esporte foi utilizado para “melhorar” a imagem dos governantes perante o povo.
No período da ditadura militar, o futebol foi usado como forma de acalmar os ânimos da população e fazer propaganda ideológica. Nessa época, os militares tomaram conta do esporte brasileiro na tentativa de garantir o êxito nas competições, o que ampliaria a popularidade do governo, valorizaria as ideias nacionalistas e daria projeção internacional ao País.

Diversos estudos afirmam que essa apropriação do esporte ocorre por conta de seus valores e de sua fácil instrumentalização, já que não produz ideologia própria. Dessa forma, percebemos que, ainda hoje, é muito fácil utilizar o esporte na velha política do “pão e circo”, desviando a atenção das pessoas em momentos oportunos, em que não se quer que a política ou quaisquer outras questões do cotidiano estejam na “berlinda”, ainda que o esporte seja muito mais do que isso!

(*) Katiuscia Mello Figuerôa é doutora em Educação Física pela Universidade de León/Espanha e professora nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física

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